Técnica com célula-tronco indica possível tratamento para endometriose

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de novembro de 2018 às 22:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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Descoberta pode indicar tratamento para doença que atinge 10% das mulheres em idade reprodutiva

Pesquisadores da Universidade
Northwestern, nos Estados Unidos, descobriram um modo de reprogramar
células-tronco que pode tratar doenças como endometriose, infertilidade causada
por fatores uterinos e câncer do endométrio, a camada interna do útero. É a primeira
vez que alguém consegue estabelecer um protocolo para essa reprogramação.

Os cientistas conseguiram fazer com que células-tronco
pluripotente induzidas se transformassem em células uterinas saudáveis a partir
de processos hormonais. A pesquisa foi publicada na revista científica Stem
Cell Reports. “É uma descoberta enorme. Abrimos a porta para tratar a
endometriose”, completa. Hoje, o único tratamento definitivo é a
hiosterectomia — a retirada do útero, diz Igor Padovesi, ginecologista
especialista em endometriose do Hospital Israelita Albert Einstein, em São
Paulo. Existem medicamentos que são utilizados para controlar a doença.

Padovesi explica que a
progesterona é um hormônio feminino que inibe as células da endometriose.
Quando existe resistência a esse hormônio, essas células continuam crescendo. “Em quase todas as mulheres, existe uma
menstruação que não vai embora pela vagina durante o ciclo, chamada de
menstruação retrógrada, que volta e é eliminada pelo organismo. Na
endometriose, ela não é eliminada, e começa a se espalhar por outros
órgãos”, explica Padovesi. Ele diz que isso está associado a fatores
genéticos e imunológicos que não são completamente conhecidos.

A endometriose afeta
aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva no mundo, segundo o
estudo da Northwestern. É uma das causas mais comuns para a infertilidade. “Existe
um fator inflamatório que cria um ambiente hostil à implantação do
embrião”, explica Padovesi. Ele destaca, no entanto, que a doença somente
dificulta, mas não impede a gravidez. Entre os sintomas da doença estão cólicas
menstruais fortes, dor na relação sexual, dor entre as menstruações,
infertilidade, dor ao defecar ou ao urinar, sangramento na urina ou nas fezes.


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