Suplementos de ômega 3 têm pouco ou nenhum benefício para saúde

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de julho de 2018 às 18:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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Estudo mostra que o consumo do suplemento não traz benefícios para a saúde cardíaca ou vascular

Uma revisão de estudos publicada nesta quinta-feira, 19 de julho, pelo
Instituto Cochrane reuniu diversos estudos sobre os efeitos do ômega 3 e
descobriu que o suplemento fornece pouco ou nenhum benefício na maioria dos
resultados que eles observaram.

O Cochrane se dedica a analisar e compilar uma série de estudos de saúde
para que os diferentes dados fiquem disponíveis para as pessoas com análises
claras sobre os possíveis efeitos na saúde. A instituição independente declara
que não recebe patrocínio de empresas para que não haja conflito de interesse
nos resultados divulgados.

A revisão publicada na Cochrane Library, combina os resultados de 79
estudos envolvendo 112.059 pessoas. Estes estudos avaliaram os efeitos do
consumo de gordura ômega 3 adicional, em comparação com ômega 3 usual ou menor,
em doenças do coração e circulação. Vinte e cinco estudos foram avaliados como
altamente confiáveis, porque foram bem desenvolvidos e conduzidos.

Ômega 3 é um tipo de gordura. Pequenas quantidades desta gordura são
essenciais para uma boa saúde, e elas podem ser encontradas nos alimentos que
comemos. De acordo com a revisão, o aumento do consumo de gorduras ômega 3 é
amplamente divulgado em todo o mundo por causa de uma crença comum de que ele
protegerá contra doenças cardíacas.

Há mais de um mecanismo possível de como estes suplementos podem ajudar
a prevenir doenças cardíacas, incluindo a redução da pressão arterial ou a
redução do colesterol.

Impacto dos suplementos

Os
pesquisadores encontraram evidências de que as gorduras do ômega 3 suplementares
tinham pouco ou nenhum efeito significativo sobre o risco de morte por qualquer
causa. O risco de morte por qualquer causa foi de 8,8% em pessoas que
aumentaram a ingestão de gorduras ômega 3, em comparação com 9% em pessoas nos
grupos de controle.

Eles também descobriram que tomar ômega 3, principalmente através de
suplementos, provavelmente faz pouca ou nenhuma diferença para o risco de
eventos cardiovasculares, eventos de doença coronariana, acidente vascular
cerebral ou irregularidades cardíacas.

As gorduras ômega 3 provavelmente reduziram algumas gorduras no sangue,
triglicerídeos e colesterol HDL, conhecido como colesterol bom. É provável que
a redução dos triglicerídeos seja protetora de doenças cardíacas, mas a redução
do HDL tem o efeito oposto.

A
revisão dos estudos também concluiu que ingerir ômega 3 através de alimentos
como peixes gordurosos tem um pequeno impacto na redução de riscos de
alterações cardíacas: de 3,3% para 2,6%. Aumentar o consumo de suplementos de
ômega 3 também não mostrou resultados efetivos no controle de peso e gordura do
corpo. “Por outro lado,
enquanto o peixe oleoso é um alimento saudável, não é claro, a partir do
pequeno número de tentativas, se a ingestão de peixes mais oleosos protege
nossos corações”, acrescenta ele.

Os estudos recrutaram homens e mulheres, alguns saudáveis ​​e outros com
doenças na América do Norte, Europa, Austrália e Ásia. Os participantes foram
aleatoriamente designados para aumentar suas gorduras de ômega 3 ou manter sua
ingestão habitual de gordura por pelo menos um ano.

A maioria dos estudos investigou o impacto de dar um suplemento de ômega
3 a longo prazo em forma de cápsula e o comparou a um placebo. Apenas alguns
avaliaram a ingestão através de peixes.

Outros estudos

Em
2016, um estudo publicado na revista médica “JAMA Internal Medicine”
analisou os níveis de ômega 3 no sangue e nos tecidos de participantes de 19
estudos realizados em 16 países. Na época, o consumo de ácidos graxos ômega 3,
pela ingestão de peixes como salmão, sardinha e anchova, estava ligado a uma
redução do 10% do risco de morrer por ataque cardíaco.

Os pesquisadores descobriram
que o ômega 3 “estava associado com um risco cerca de 10% menor de ataques
cardíacos fatais”, mas que essa mesma correlação não foi observada no caso
dos infartos não mortais.

Isso sugere “um mecanismo mais específico para os benefícios
do ômega 3 relacionados com a morte”, disseram os pesquisadores.


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