Sentir arrependimento mostra que não fomos leais a nós mesmo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de junho de 2018 às 01:11
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:48
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Segundo pesquisa, sentimentos negativos revelam que fracassamos em relação ao nosso verdadeiro eu

Se arrependimento matasse… O psicólogo Tom Gilovich, professor da Cornell
University, nos Estados Unidos, acaba de divulgar um estudo sobre o
tema. 

Numa parceria com o também psicólogo Shai Davidai, ele demonstrou que os
arrependimentos mais duradouros são aqueles relacionados com a impossibilidade
de vivermos de acordo com nossos desejos e convicções mais profundos – com
nosso eu verdadeiro. Aí entram os sonhos deixados de lado, como abortar um
relacionamento amoroso que talvez não atenda aos padrões clássicos, ou desistir
de um trabalho excitante em troca de estabilidade.

A pesquisa, intitulada “The
ideal road not taken” (em tradução livre, “O caminho ideal que não foi
tomado”), foi baseada num tripé que estaria por trás da construção do
indivíduo. O primeiro elemento seria o eu real, com os atributos que a pessoa
acredita que possui. O segundo seria o eu ideal, com as características que se
gostaria de ter, envolvendo desejos, esperanças, objetivos. O terceiro elemento
seria o eu do dever, relacionado às obrigações e responsabilidades que temos.

Gilovich e Davidai entrevistaram centenas de
participantes em seis estudos, pedindo que cada um descrevesse seu eu ideal e
seu eu do dever. Em seguida, todos fizeram uma lista de seus arrependimentos.
Do total, 72% lamentavam não ter realizado desejos relacionados ao eu ideal,
enquanto apenas 28% apontavam fracassos relativos às responsabilidades. Na
pergunta sobre o maior arrependimento de suas vidas, 76% apontavam um desejo do
eu ideal não realizado.

De acordo com os pesquisadores, as expectativas que
envolvem as obrigações são concretas e têm regras, tornando-se mais simples de
serem seguidas. “No entanto, quando se entra no campo do ideal, não há roteiros
claros. As pessoas deixam seus sonhos de lado porque se preocupam com o que os
outros vão pensar. Um exemplo: alguém que gostaria de aprender a cantar mas se
retrai porque não teria coragem de ser criticado por seu mau desempenho”,
afirma Gilovich. Seu conselho é cristalino: faça. “Na verdade, os outros são
mais generosos do que se pensa e, principalmente, também não prestam tanta
atenção em nós quanto imaginamos. Se é isso que o impede de realizar algo, vale
ir em frente. No curto prazo, nos arrependemos de nossas ações, mas, no longo
prazo, o que deixamos de fazer é o mais importa”, acrescenta.


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