Produtos típicos das festas juninas apresentam aumento de 9,15%, diz FGV

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de junho de 2019 às 21:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:36
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Para quem pretende organizar festas juninas, a melhor maneira de driblar o aumento é dividir despesas

Os preços dos produtos utilizados no preparo dos pratos típicos
de festas juninas mostraram alta de 9,15% nos 12 meses compreendidos entre
junho de 2018 e maio deste ano, superando a inflação acumulada no período pelo
Índice de Preços ao Consumidor-10 (IPC-10), da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
que ficou em 5,06%.

Entre os produtos procurados pelos consumidores, destaque para a
batata-inglesa, que subiu 98,13%, couve (24,43%), farinha de trigo (21,75%),
leite de coco (17,80%).

O economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV
(Ibre-FGV) e coordenador do IPC, André Braz, analisou que produtos como a
batata-inglesa apresentam essas “taxas extremas” em alguns momentos
do ano.

Essas taxas dependem de condições de safra que, nos últimos
meses, não foram muito favoráveis, o que acabou possibilitando essa variação em
12 meses. “Não quer dizer que seja uma situação permanente porque, como
são lavouras curtas, a oferta se restabelece rapidamente e os preços tendem a
devolver toda essa gordura, todo esse aumento acumulado nos últimos meses. O
ponto principal é que esses aumentos não são duradouros”, afirmou.

Câmbio

Outros itens componentes da cesta, principalmente os derivados
do trigo, soja e milho, tiveram aumentos mais fortes porque, no ano passado,
ocorreu uma desvalorização cambial maior.

Este ano, Braz disse que o câmbio anda estável, devolvendo um
pouco da valorização nos últimos dias. “Mas o acumulado em 12 meses ainda
fica pressionado”. Como os preços das commodities (produtos agrícolas e minerais
comercializados no mercado internacional) são negociados em bolsa, em especial
milho e trigo, os preços dos derivados subiram muito, apresentando aumentos de
dois dígitos. Isso tende a inflar também um pouco a variação média da cesta
feita para esse período do ano.

Entre os alimentos in
natura
, como batata-inglesa e couve, não há tendência de que a alta
perdure por muitos meses. “A gente está vendo na coleta de preços do
segundo trimestre uma desaceleração muito forte nessas famílias ‘in natura’ e
ela deve durar, pelo menos, até o final de julho, início do terceiro trimestre.

Pastagens

Em relação às proteínas, como carnes bovinas, que subiram 6,89%
em 12 meses, linguiça (6,66%) e salsicha e salsichão (12,30%), André Braz
observou que elas dependem do preço das grandes commodities, porque o gado se alimenta de rações à
base de milho e soja, e também devido a condições de pastagem. Nesse período de
inverno, com poucas chuvas, afirmou que isso compromete o estado das pastagens
e prolonga o aumento do preço de proteínas.

O economista do Ibre-FGV avaliou que na família de produtos
comprados para as festas juninas, o que tem mais chance de recuar no curto
prazo são os produtos ‘in natura’, isto é, produtos de feira livre.

Para os consumidores que pretendem organizar festas juninas,
André Braz aconselhou que, como se trata de festas sociais, a melhor maneira de
driblar o aumento de preços generalizado nessa cesta é dividindo as despesas.
“Se cada um levar um pouquinho, não vai pesar para ninguém e a festa vai
ficar bonita. Já se ficar por conta de uma pessoa só, não vai ter orçamento
para a festa, não”.

Dentre os itens da cesta que apresentaram queda, destaque para
farinha de mandioca (-23,47%), bolo pronto (-1,98%), açúcar refinado (-0,67%) e
bebidas destiladas (-0,02%).


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