Primeira vacina contra doença celíaca inicia segunda fase de testes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de novembro de 2018 às 20:06
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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Tratamento deve ser eficiente para pacientes que sofrem com a forma genética do problema

Uma vacina que poderia permitir que
pessoas com doença celíaca consumam glúten com segurança iniciou a segunda fase
de testes nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, após mais de uma
década de desenvolvimento.

Os resultados dos estudos da primeira
fase mostraram que o tratamento modificador do sistema imunológico, chamado
Nexvax2, é seguro. As próximas pesquisas irão avaliar a sua eficácia.

Segundo o portal IFLScience, o
Nexvax2 reprograma as células T para que elas não ataquem certas sequências de aminoácidos,
os peptídeos, dentro das proteínas que constituem o glúten, expondo o corpo a
formas modificadas de três peptídeos.

O glúten é um composto de várias
proteínas ricas em minerais que, com o amido, são encontradas em diversos
grãos, principalmente no trigo, cevada e centeio – matérias-primas de alimentos
como pães e massas, por exemplo. O consumo em excesso destas comidas pode
destruir o revestimento intestinal dos celíacos. 

Em cerca de 80 a 90% dos
casos de pessoas celíacas, a resposta inflamatória ao glúten surge porque elas
são portadoras do gene HLA-DQ2.5 – ele cria uma proteína de reconhecimento que
faz as células T sinalizar que os peptídeos do glúten inofensivos são perigosos.

A ImmusanT,  empresa que desenvolve a vacina, declarou que o tratamento
não irá funcionar para indivíduos com sensibilidade ao glúten não mediada
por HLA-DQ2.5. 

De acordo com o
australiano Jason Tye-Din, do Royal Melbourne Hospital e chefe de pesquisas
sobre celíacos no Instituto Walter e Eliza Hall, a vacina deve ser eficiente
para a maioria dos pacientes com a forma genética da doença. “A
dieta sem glúten é o único tratamento atual para a doença celíaca, mas é
onerosa, complexa e nem sempre eficaz”, comentou Tye-Din. “Mesmo os
pacientes mais diligentes podem sofrer os efeitos adversos da exposição
acidental.”

A companhia também informou que o tratamento com Nexvax2 envolverá doses
múltiplas para ajustar gradualmente as células T aos peptídeos do glúten.
Durante o período, a inflamação e os danos nos tecidos do intestino podem ser
curados, aliviando os sintomas da enfermidade. 

Pesquisadores do ImmunanT esperam
testar a imunização em 150 pacientes celíacos nos três países. As pessoas
deverão receber 32 injeções totais de Nexvax2 ou placebo, administradas em
intervalos de duas vezes por semana. Posteriormente, elas irão comer refeições
sem saber se há glúten no prato. 

A empresa divulgou que o
primeiro paciente a fazer o teste começou a receber as injeções no final de
setembro deste ano. A partir de agora os laboratórios de análise vão buscar
seus participantes. 


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