Poeta Carlos de Assumpção completa 91 anos e celebra com o “Sarau Protesto”

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  • Publicado em 23 de maio de 2018 às 15:51
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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Considerado o maior poeta negro do Brasil, ele inspirou vários trabalhos acadêmicos e literários

O poeta e escritor Carlos de Assumpção está completando nesta quarta-feira, 23 de maio, 91 anos de idade. E para comemorar sua vida, será realizado o Sarau Protesto na Casa da Cultura de Franca, reunindo vários artistas da cidade. Estão previstas apresentações de dança, roda de poemas, música, mostra de artes, entre outras atividades.

O Sarau Protesto é aberto a toda comunidade e tem início previsto para às 18h30. Quem quiser colaborar com a comemoração, basta levar um prato de doce ou salgado e bebida não alcoólica.

O poeta

Carlos de Assumpção é considerado o maior poeta negro do Brasil. Guerreiro, sensível, inteligente, conversa comprida e envolvente, intelectual brilhante, sua poesia evoca as bravuras de seus antepassados, torturados nas senzalas da dor. Não por acaso, nasceu em maio, mês em que Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul, em 1994, quando se dá a Abolição da Escravatura, no dia 13, e data de nascimento de Steve Wonder, no dia 13. Carlos de Assumpção é um desses seres iluminados, desses escolhidos a dedo e que vieram para fazer a diferença. “Enquanto eu estiver vivo, vou escrever os meus poemas de protesto”, fala o poeta.

Em pleno vigor intelectual e físico, ele faz questão de estar presente em todos os eventos culturais da cidade, levando seus poemas e prestigiando desde crianças nas escolas até os artistas que tentam manter a arte e a literatura vivas e fortalecidas em Franca.

Carlos de Assumpção nasceu na cidade de Tietê, no interior de São Paulo, berço de artistas importantes no cenário nacional. É cidadão francano, por outorga da Câmara Municipal. Diplomou-se no Curso Normal e, aprovado em concurso público, foi lecionar no município de Marília, onde compôs Protesto, poema que acabou vertido para o Inglês, Francês e Alemão.

Para se desenvolver nos estudos, porém, mudou-se para Franca e formou-se em Letras na UNESP-Franca, no ano de 1971, e através de concurso público lecionou em várias escolas de Franca, aposentando-se aqui na escola Ana Maria Junqueira, em 1984. Ingressou, através de concurso público, nos quadros da Prefeitura Municipal, onde lecionou e trabalhou na Pinacoteca.

Apesar de já haver composto Protesto, seu mais famoso poema, foi em Franca que Carlos de Assumpção construiu a quase totalidade de sua obra literária. Na década de 70, participou da criação do Grupo Veredas de Literatura, ao lado de Luiz Cruz, Roberto Zanini, Regina Bastianini, entre outros. E foi na Revista Veredas, editada pelo grupo, que o poeta publicou textos pela primeira vez. E foi após a publicação do livro Veredas que sua poesia foi enaltecida pelo crítico literária Mário Zago que, no jornal Folha de S. Paulo, ressaltou “a fúria dos poemas negros de Carlos de Assumpção”. Foi em Franca que o poeta publicou seus dois livros, Protesto e Quilombo, o último em 2002.

O trabalho e a vida de Carlos Assumpção motivaram trabalhos acadêmicos e literários. Lydia Garcia Bezerra de Mello, então secretária de Educação do Distrito Federal, publicou nos Cadernos de Pesquisas, número 63, da Fundação Carlos Chagas, extenso artigo sobre o Protesto de nosso poeta. Luiz Cruz levantou-lhe a biografia de forma altamente literária e publicou-a sobre o título de O Negro do Protesto, em 2003.

E para celebrar toda essa trajetória de vida, nada melhor que um sarau. O evento ocorre a partir das 18h30, na Casa da Cultura de Franca, que fica em frente à Praça do Cemitério da Saudade, no Centro.


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