PIB volta a acelerar e cresce 0,6% no 3º trimestre; indústria e consumo puxam

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  • Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 10:51
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:05
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Apesar do resultado mais forte do PIB sem comparado a outros, resultado não reflete na geração de empregos

PIB (Produto Interno Bruto) subiu 0,6% no período de julho a setembro em relação ao segundo trimestre do ano. O avanço confirma a perspectiva do mercado e sinaliza que a economia brasileira está se recuperando, ainda que gradualmente. No segundo trimestre, a alta havia sido de 0,5%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento no terceiro trimestre foi de 1,2%. O que mais estimulou o PIB foi o desempenho dos setores de serviços e a indústria, mostrou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (3).

Quais os destaques do PIB? Pela chamada ótica da oferta, a produção industrial cresceu 0,8%, com destaque para o setor extrativo (12%) e a construção civil (1,3%). A categoria de serviços, que tem um dos maiores pesos no cálculo do PIB, avançou 0,4%. A agropecuária cresceu 1,3% no período.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 0,8%. O resultado positivo foi influenciado pela liberação dos saques do FGTS e pelos juros básicos mais baixos da história. E os investimentos aumentaram 2%.

E como fica o mercado de trabalho? O resultado do PIB não traz dados sobre o emprego, embora todos os números estejam relacionados e sejam um indicativo do estágio atual da economia.

Apesar do resultado mais forte do PIB (em relação a períodos anteriores), ainda não dá para ficar muito animado quando o assunto é emprego. Mesmo com o aumento das contratações formais – foram 841,5 mil vagas criadas entre janeiro e outubro, e mais gente trabalhando por mais horas, Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, lembra que as altas taxas de desemprego começaram em 2015 e que, desde então, a tecnologia provocou mudanças significativas no mercado de trabalho. “Boa parte da força de trabalho está desatualizada, e se reeducar para voltar ao mercado é difícil”, explica o economista. Ele lembra que a taxa de informalidade, que enquadra os empregados sem carteira assinada, bateu um novo recorde (11,9 milhões de brasileiros) e que essa modalidade de trabalho vai demorar a cair.

Qual o efeito real da alta recente do dólar no PIB? É cedo para dizer, uma vez que o PIB divulgado hoje retrata a economia entre julho e setembro. O dólar começou a se valorizar com mais força em novembro. A alta não tem sido suficiente, por exemplo, para causar pressão inflacionária.

Entre os setores, a agropecuária é de longe a mais beneficiada com a alta do dólar. O país é um dos maiores exportadores do mundo e o dólar mais caro significa real desvalorizado, o que barateia o produto brasileiro no mercado internacional. Por outro lado, as indústrias importadoras de insumos e tecnologia tendem a sofrer mais porque o custo de produção sobe e nem sempre dá para repassar para o preço ao consumidor.

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