O QUE É UM MASTERCLASS?

  • Fofocas Musicais
  • Publicado em 22 de setembro de 2017 às 18:17
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:23
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O próprio nome já nos sugere o que seja , mas há algo mais profundo na criação desta modalidade de curso.

Quem criou esta modalidade foi FRANZ LISZT e como quase tudo na vida vem da necessidade, foi mesmo por necessidade que ele os criou. Não a necessidade financeira, mas a de atender a tantas pessoas que viajavam em busca de seus ensinamentos . Como ele não poderia atender a todos, criou a forma coletiva de dar aulas de piano. Um aluno tocava e ele corrigia, sugeria, demonstrava e todos os outros aprendiam com aquele que estava ali no momento .

Esta modalidade sempre tem os ouvintes e os participantes ativos e o mestre.

No século XIX Franz Liszt morava em Weimar, uma pequenina cidade alemã que é conhecida por vários motivos : nesta cidade morou Bach, Mozart, mesmo que por pouco tempo; também Goethe, Schiller, Rudolf Steiner, e muitos outros grandes expoentes da humanidade. Esta cidade tem uma atmosfera diferenciada. A história já conta sobre a República de Weimar.

Tudo o que precisava ser lançado, transformado, edificado, parece que passou por ali e os expoentes eram atraídos por esta cidade.

Com Franz Liszt e na música não foi diferente.  Os masterclasses de Franz Liszt eram maravilhosos porque colocava os músicos no patamar cultural. Reuniam-se para apreciar um quadro e analisa-lo, darem seus pareceres sobre ele, para declamarem poemas, para conhecerem obras literárias e trocarem informações sobre isso, além de tocarem piano e também violino e outros instrumentos . Eram reuniões de alta capacitação cultural.

Franz Liszt morava no Altenburg, uma casa de 3 andares onde ele e a princesa Caroline fizeram seu ninho de amor no segundo andar. No terceiro, ficavam os quartos onde os artistas se hospedavam. No térreo era a sala onde expunham obras de arte que Caroline colecionava e também serviam de inspiração para os músicos.

E então, os Masterclasses surgiram da necessidade de poder atender a tantas pessoas que procuravam Franz Liszt para que ele lhes ensinasse os segredos de ser um músico tão especial.

A inspiração neste trabalho me fez fundar em 2001 a Casa dos Músicos, que era composta de 9 salas – ( sala de vídeo / biblioteca Franz Liszt,  sala de estudos J.S. Bach, sala do piano J. Brahms, recanto floral Frederic Chopin, sala da União das Artes Eugene Delacroix, Espaço Aberto Franz Schubert, Ludoteca Musical Mozart, Arquivo Robert Schumann, Espaço Villa-Lobos. Vários motivos me impediram de continuar, mas é um lamento tê-la fechado.

Só de entrar num lugar destes, é uma aula de História pois cada sala tinha estampado nas paredes a fotos da biografia do compositor que dava nome a ela. Compartilho esta ideia aqui para que possa servir de inspiração para quem deseje criar espaços culturais.

Um Masterclasse também pode ser feito desta forma  a meu ver.

E certa vez, participando do Masterclasse de Paul Badura Skoda, ele nos levou ao Castelo de Weimar onde estão reunidos os pianos  dos grandes compositores : Schubert, Beethoven, Chopin, Liszt … e outros. A ideia deles é continuar adquirindo estes pianos raros para coloca-los em exposição no castelo/museu . Nós, como alunos do Masterclass pudemos ouvir os pianos, experimentando-os. É uma sensação indescritível porque você ouve o que Beethoven ouvia , quando ainda podia ouvir e também outros. É fantástico. Foi um Masterclasse inesquecível.

Liszt era apedrejado com críticas , tentaram de todas as formas denegrir sua imagem , como percebemos hoje quando várias pessoas tentam fazer o mesmo conosco porque nos destacamos nisso ou naquilo ou porque contestamos determinadas atitudes.

Admiro a capacidade que ele teve de seguir em frente com suas inovações, seus masterclasses ( únicos para a época) , uma ideia que ficou para os dias de hoje. Era um visionário que não se deixava atingir pelas pedradas que levamos cotidianamente seja por familiares ou quaisquer outras pessoas. Sim, Liszt foi apedrejado pela sua primeira esposa, que tentou de todas as formas denegrir sua imagem, chegando a escrever um livro pontuando seus defeitos. De nada adiantou. A história manteve os bons feitos de contribuição inestimável para a humanidade!

PIANO QUE FOI DE SCHUBERT​

PIANO QUE FOI DE LISZT:​

PAUL BADURA SKODA ​

ALTENBURG​


*Esta coluna é semanal e atualizada aos domingos.


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