Mortes por gripe no Brasil quase triplicam no primeiro semestre de 2018

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de julho de 2018 às 15:38
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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Maioria dos óbitos foi pelo H1N1 do Influenza, o vírus causador da gripe – aumento nas mortes foi de 194,4%

O Brasil registrou em 2018 aumento de 194,4% no número de mortes por
gripe em relação ao mesmo período de 2017: foram 839 mortes por influenza esse
ano, contra 285 mortes no ano anterior. Ambos os períodos consideram dados
contabilizados pela Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde até a
segunda quinzena de julho.

O número de mortes vai na esteira do aumento do número de casos em 2018.
No total, foram 4.680 infecções em todo o país até 16 de julho, contra 1.782 em
2017.

Além dos números, uma diferença entre os dois anos pode ser observada
nos tipos e subtipos de vírus que estão sendo a causa das infecções: em 2018, a
maioria dos casos (60%) foram provocados pelo subtipo H1N1 do vírus influenza;
já em 2017, a maior parte dos casos (73,7%) foi provocada pelo influenza A
(H3N2).

O vírus influenza é dividido em tipos, subtipos e linhagens. Todas essas
variações correspondem a diferenças encontradas no material genético do vírus.
O influenza também sofre mutações muito frequentemente; por isso, a vacina é
atualizada todos os anos com novos vírus.

O especialista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de
Imunizações (SBIm) explica que três fatores podem contribuir para um maior
número de mortes: uma mutação grande do vírus, a não imunização da população
mais vulnerável, e o tratamento tardio, que geralmente começa a ser feito após
quatro ou cinco dias de infecção no Brasil. “Após esse período, o
tratamento vai ter baixa efetividade”, diz Kfouri.

Ele destaca que mais efetividade em campanhas de imunização, com maior
rapidez em atingir a meta pode contribuir para diminuir o número de mortes. Em
2016, por exemplo, a meta foi atingida em três semanas, diz ele. Agora, foram
necessários mais de três meses para vacinar 90% do público-alvo.

Em 2018, o H1N1, além do número de casos, o subtipo foi responsável pela
maior parte das mortes (67,5%): com 567 óbitos. A pasta também registrou 335
casos e 46 mortes por influenza B em 2018. Já o influenza A não subtipado, foi
responsável por 541 casos e 86 óbitos.

Entre os estados, diz o ministério, o maior número de casos em 2018
ocorreu em São Paulo (1.702), Ceará (376), Paraná (432) e Goiás (378).

90% das pessoas em risco foram
vacinadas em 2018

Com campanha da gripe realizada desde o dia 23 de abril, o Ministério da
Saúde informa que conseguiu atingir 90% do público-alvo — o que indica 51,4
milhões de brasileiros vacinados.

A pasta explica que, embora tenha trabalhado com uma meta de 54,4
milhões inicialmente, distribuiu 60 milhões de doses aos estados. A meta de 90%
divulgada agora leva em conta um cálculo matemático que corrige a meta inicial
a partir das doses distribuídas.

O Ministério da Saúde informa ainda que a vacinação continua até quando
as cidades tiverem estoques de vacina disponíveis.

No entanto, o grupo de gestantes e de crianças (entre seis meses e cinco
anos) continuam com cobertura vacinal abaixo do esperado, com 77,8% e 76,5% de
vacinados, respectivamente.

Os estados com as taxas mais baixas de vacinação contra a gripe são
Roraima, com 67,1%, Rio de Janeiro, com 77,9% e Acre, com 79,1%.

No
total, 17 estados atingiram a meta: Goiás (106,7%), Ceará (104,3%), Amapá
(100,3%), Distrito Federal (98,2%), Espírito Santo (97%), Pernambuco (96,3%),
Tocantins (96,2%), Alagoas (94,7%), Minas Gerais (94,8%), Mato Grosso (94%),
Maranhão (94,2%), Paraíba (93,3%), Rio Grande do Norte (92,9%), Sergipe
(92,9%), Paraná (92,5%), Piauí (91,6%) e Mato Grosso do Sul (90,9%).


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