Número 2 sem cheiro

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 5 de setembro de 2018 às 16:02
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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Já parou para pensar até onde a ciência pode ir com a sua evolução e criações? Acredito que não estamos preparados culturalmente para elas tamanha a capacidade que ela tem nos surpreender a cada dia. Dessa vez não foi diferente, só que resolvendo tanto algo tão corriqueiro, como um problema que a medicina até agora não tinha conseguido resolver, partindo de um principio tão simples: uma peneira! Sim, aquele objeto que possui diversos tamanhos, e que funciona tão bem como filtro e como separador e diminuidor de partículas de acordo com o seu tamanho, retendo as maiores e deixando as menores passarem.

E foi pensando nesse princípio que cientistas da Faculdade Estadual da Pensilvânia criaram uma peneira do avesso. Sim! Isso mesmo que você leu, uma peneira que só deixa passar partículas grandes, inclua ai os gases que passam molécula por molécula. Porque é importante considerar os gases nesse projeto? Por conta de uma de suas possíveis aplicações, pois sendo posicionada no interior de um vaso sanitário ela permitirá que o cocô penetre juntamente com o cheiro desagradável. Eles ficariam retidos dentro do vaso, e ninguém precisaria dividir com você aquele cheirinho bem desagradável. Esse poderia ser o primeiro passo para criar privadas ecologicamente corretas, sim, sem o uso de água. A tecnologia para lidar com esses excrementos à seco já existe, a única coisa que falta é criar algo economicamente viável como a água para conter o cheiro. Sim, a água continua sendo um produto barato apesar de haver a necessidade de economizá-lo.

A outra aplicação está no dia a dia dos hospitais, mais especificamente nas mesas de cirurgia. Uma membrana como essa poderia ser posicionada diretamente na abertura do copo do paciente, assim a mão do cirurgião passaria por ela, mas impediria que bactérias e contaminantes entrassem junto e causassem infecções no paciente. Simplesmente uma invenção incrível!

Essa membrana é feita de basicamente água e dodecil sulfato de sódio. Uma substância parecida com detergente, é usada em muitos cosméticos e produtos de limpeza. Na química, ele pode ser classificado como um surfactante, o nome é complexo, mas sua função é bem simples: ele muda a tensão superficial da água quando entra em contato com ela. E o que parece mágica nesse invenção da membrana é simplesmente química. Se você não se lembra a tensão superficial é como quando você enche um recipiente de água até a boca, e antes do liquido escorrer ele meio que para ali alguns instantes formando uma espécie de bolha. Isso acontece porque as moléculas de água de juntam e se ajeitam conforme o recipiente tentando não perder uma molécula sequer. Mas as que se encontram lá na superfície entram em contato com o ar, e quando isso acontece, as que ‘cruzaram’ o ar se repelem mais facilmente. E o que acontece quando uma substância surfactante entra em contato com a água como o detergente, elas têm uma parte da molécula que ‘gosta’ de água, e outra que já ‘não gosta’ A que gosta da água se mantém juntinha a ela, a parte que não gosta procura outra coisa para se grudar na outra direção. Esse processo explica porque alguns insetos conseguem andar pela superfície da água e não afundam, porque graças a essa capacidade das moléculas de água serem resistentes à separação, cria uma superfície quase que elástica sustentando coisas leves, isso é tensão superficial.

Essa membrana então, nada mais é que uma espécie de bolha super-resistente e muito bem regulada (como se fosse o detergente perfeito, na quantidade perfeita). Quando uma coisa muito grande ‘cai’ nela, ela bate com mais força e atravessa, já as coisas mais leves quando entram contato não conseguem passar. Só que por conta de sua força, ela não estoura quando é atravessada, ela automaticamente se reconstrói pronta para aguentar o próximo impacto. Em testes a película aguentou 3 mil filtragens ao longo de 3 horas, quando utilizados outros surfactantes, conseguiu resistir a 6 horas.

Digamos que estamos caminhando para um mundo mais sustentável, só não sabemos quando essas pequenas mudanças serão possíveis de serem usadas no nosso dia a dia. Seja como for, por enquanto, ainda temos os aromatizadores para nos ajudarem nesse momentos de odore desagradáveis. Segue abaixo um vídeo mostrando mais sobre a membrana:

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.​


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