Novo tratamento para diabetes pode descartar o uso diário de insulina

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de outubro de 2018 às 22:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:07
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Tratamento também pode diminuir riscos de doenças vasculares, insuficiência renal e outros

Pesquisadores
holandeses podem ter descoberto uma maneira de pôr fim às injeções diárias de insulina utilizadas pelos pacientes que sofrem com
diabetes tipo 2.

A equipe do Centro
Médico Universitário de Amsterdã, na Holanda, descobriu que destruir a membrana
mucosa do intestino delgado para que uma nova se desenvolva pode estabilizar os
níveis de açúcar no sangue dos diabéticos. “Devido a esse tratamento, o uso de
insulina pode ser adiado ou talvez evitado. Isso é promissor”,
disse Jacques Bergman, professor de gastroenterologia da UMC,
à emissora holandesa Nederlandse
Omroep Stichting

Além de dispensar
injeções de insulina, o tratamento pode diminuir os riscos de doenças
cardiovasculares, insuficiência renal, cegueira e dormência nas mãos e nos pés.

Os cientistas
acreditam que o efeito é resultado de uma possível relação entre a absorção de nutrientes pelo intestino e o
desenvolvimento de resistência à insulina em indivíduos com diabetes tipo 2. O
estudo revelou ainda que um ano após o procedimento, 90% dos pacientes
continuaram apresentando estabilidade da doença.

De acordo com os pesquisadores, o procedimento – que
dura uma hora – envolve a inserção de um tubo com um pequeno balão na
extremidade pela boca do paciente. O tubo chega no intestino delgado, onde o balão
é inflado com água quente e a membrana mucosa é queimada pelo calor.

A nova membrana –
capaz de controlar os níveis glicêmicos dos diabéticos – se regenera em cerca
de duas semanas, promovendo uma melhora significativa na saúde do paciente. “Com
essas pessoas, vimos uma melhoria espetacular nos níveis de açúcar no sangue um
dia após a operação, antes mesmo de perder um quilo”,
contou Bergman. 

Agora, os cientistas
querem descobrir se os resultados são permanentes ou se o procedimento precisa
ser repetido. Apesar de haver dúvidas a serem sanadas, eles afirmam que a maior
parte dos 50 pacientes que fizeram o tratamento não está mais usando insulina
para controlar a doença. O próximo passo da pesquisa é recrutar 100
participantes, com idades entre 28 e 75 anos, para a realização de um estudo de
maior escala.

A equipe alertou
que, com base nas descobertas, essa abordagem é recomendada para pessoas que já
tomam o medicamento para a diabetes tipo 2, mas cujo nível de açúcar no sangue
é alto o suficiente para que os médicos prescrevam a injeção de insulina a
curto prazo.

Diabetes tipo 2

Nove em cada 10 pacientes diagnosticados com
diabetes têm o tipo 2, na qual o organismo
produz insulina normalmente, porém o corpo se torna
resistente à ação desse hormônio e as taxas de açúcar no sangue se elevam. Os
efeitos da doença podem ser controlados com mudanças na dieta, mas a maioria
das pessoas acaba precisando tomar comprimidos ou injetar insulina depois de
conviver com o problema por cinco ou dez anos. Isso acontece porque o diabetes
tipo 2 é uma condição progressiva. 

No Brasil

A pesquisa Vigilância
de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel) 2016 mostrou que o número de brasileiros diagnosticados
com diabetes cresceu mais de 60% nos últimos 10 anos. Em 2006, esses pacientes
representavam 5,5% da população, já em 2016 subiu para 8,9%. Os resultados,
divulgados pelo Ministério da Saúde no ano passado, indicaram que as mulheres
são as mais atingidas, passando de 6,3% para 9,9% no período. Nos homens, a
taxa de diagnóstico subiu de 4,6% para 7,8%.

As capitais com maior prevalência do diabetes são
Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Vitória
(ES), Recife (PE) e Curitiba (PR). A capital brasileira com menor número de
diagnóstico é Boa Vista, em Roraima. O levantamento ainda revelou que o
indicador de diabetes aumenta com a idade: entre 18 e 24 anos, o índice é de
0,9%; entre 35 e 44 é de 5,2%, entre 55 e 64 chega a 19,6%. A população com 65
anos ou mais revelou o maior índice: 27,2%.

A pesquisa destacou também que o diabetes é três
vezes maior entre os que têm menor escolaridade: os indivíduos com até oito
anos de estudo mostraram índice de 16,5%, percentual que cai para 5,9% entre os
brasileiros com nove a 11 anos de estudo e para 4,6% para 12 ou mais anos.


+ Ciência