No País, 94% das cidades têm menos moradores que os mortos pela Covid-19

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 9 de agosto de 2020 às 12:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:05
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Dados mostram que a Covid-19 foi responsável por mais óbitos do que doenças graves de saúde pública

Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. Mairiporã, em São Paulo. Fazenda Rio Grande, no Paraná. Abreu e Lima, em Pernambuco. Jataí, em Goiás. 

Cidades diferentes, em estados diferentes, mas com ponto em comum: têm 100 mil habitantes, mesmo número de mortes causadas pela tragédia da Covid-19 no Brasil desde o início da pandemia. É como se cada mulher e homem, cada criança, adulto e idoso de uma dessas cidades tivesse morrido nos últimos cinco meses.

Se as cem mil pessoas mortas pelo coronavírus estivessem concentradas numa mesma região geográfica, equivaleriam a todos os moradores dos bairros de Botafogo e do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Ou ao total de quem vive nos bairros da Mooca e Pari, em São Paulo.

Dos 5.570 municípios brasileiros, 5.232, ou seja, 94% do total, têm menos de cem mil habitantes. Cem mil mortes fariam desaparecer, de uma só vez, a população dos 68 menores municípios do país. 

Cidades como Serra da Saudade, em Minas Gerais, Presidente Castello Branco, em Santa Catarina, e Santa Tereza, no Rio Grande do Sul, perderiam juntas todos os seus habitantes, transformando-se em vazios de vida.

Os homicídios dolosos são uma das maiores causas de morte no país. Em cinco meses, o coronavírus matou mais brasileiros do que as vítimas de assassinatos nos anos de 2018 e 2019. Nos dois anos somados, segundo dados do Ministério da Justiça, 92.604 pessoas perderam a vida devido à violência.

Dados de 2017 do Ministério da Saúde mostram que a Covid-19 foi responsável por mais óbitos, até agora, do que doenças consideradas problemas graves de saúde pública, como diabetes, HIV/Aids, câncer de pulmão ou câncer de mama.


+ Cidades