Mudança de hábito poderia evitar 63 mil mortes por câncer no Brasil

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de março de 2019 às 10:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:27
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Anualmente, são 114 mil casos de câncer e 63 mil mortes devido ao sedentarismo, tabagismo, obesidade e álcool

O estilo de vida não saudável causa
mais de 100 mil casos e 60 mil mortes por câncer todo ano no Brasil. Foi o que
apontou uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e a
Harvard University.

Segundo o estudo, estima-se que, por
ano, 114 mil casos de câncer (27% do total) e 63 mil mortes pela doença (34% do
total) no Brasil poderiam ser evitados com a redução de cinco fatores de risco
relacionados ao estilo de vida: tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso,
alimentação não saudável e falta de atividade física.

O assunto é tema de artigo publicado
na revista Cancer Epidemiology em fevereiro de 2019. Segundo um dos pesquisadores e um
dos autores do artigo, Leandro Fórnias Machado de Rezende, da Faculdade de
Medicina, já havia um consenso na literatura científica de que o estilo de vida
não saudável estaria associado ao aumento no risco de 20 tipos de câncer.

São eles: o de laringe, de pulmão,
esôfago, orofaringe, cólon e reto, cavidade oral, bexiga, fígado, estômago,
colo e corpo do útero, rim, vesícula biliar, mama, pâncreas, leucemia mieloide,
mieloma múltiplo, tireoide, ovário e próstata.

Proporção

Os hábitos se referem a tabagismo,
consumo de álcool, excesso de peso, falta de atividade física e alimentação não
saudável, baixo consumo de frutas, verduras, fibras e cálcio e consumo de carne
vermelha e processada. “A novidade da pesquisa foi estimar a proporção de casos
e de mortes por câncer que poderiam ser potencialmente evitados pela eliminação
ou redução dos fatores de risco no estilo de vida dos brasileiros”, afirma
Rezende.

Segundo dados da Agência
Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), esses tipos de câncer correspondem
a aproximadamente 80% de todos os casos de câncer (excluindo o câncer de pele
não melanoma), diagnosticados no Brasil.

Nesse contexto, a pesquisa foi
baseada em dados da distribuição (prevalência) dos fatores de risco
relacionados ao estilo de vida de duas pesquisas representativas da população
brasileira: a Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008/2009) e a Pesquisa
Nacional de Saúde (2013).

Foram utilizadas, ainda, estimativas
de casos e mortes por câncer publicadas pela IARC e o risco relativo desses
tipos de câncer associados a cada um dos fatores de risco.

Fatores

A partir da análise dessas
informações, foi constatada que a redução dos fatores de risco relacionados ao
estilo de vida poderia prevenir até 114 mil casos (27% do total) e 63 mil
mortes (34% do total) por câncer por ano no Brasil. No caso da incidência de
câncer de pulmão, de laringe, orofaringe, esôfago e cólon e reto, seria
reduzida pela metade. Já a mortalidade de 13 dos 20 tipos de câncer analisados
se reduziria em 20%.

A eliminação ou redução do tabagismo
(67 mil casos e 40 mil mortes), seguido da de excesso de peso (21 mil casos e
13 mil mortes) e do consumo de álcool (16 mil casos e 9 mil mortes) teria maior
impacto na prevenção de casos e mortes por câncer no Brasil.

Uma discussão que poderia ser feita a
partir da divulgação desses dados seria sobre a eficácia das “políticas
públicas brasileiras que ainda estão voltadas à realização de exames para
detecção precoce do câncer, como é o caso da mamografia, para o câncer de mama
nas mulheres, e o antígeno prostático específico (PSA), para o câncer de
próstata nos homens. As novas descobertas sugerem que as políticas devem ser
focadas na mudança de estilo de vida das pessoas”, conclui.


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