Médicos fazem alerta sobre superbactéria transmitida sexualmente

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de julho de 2018 às 19:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:52
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Por ser uma doença ainda pouco conhecida, nem sempre há testes para diagnóstico preciso

A Associação Britânica de Saúde
Sexual e HIV (BASHH, na sigla em inglês) acendeu a luz de alerta para
uma infecção sexualmente transmissível que se alastra pelo mundo, tratada
como “superbactéria”. A contaminação da Mycoplasma genitalium (MG) ocorre em
relações sexuais sem o uso de preservativo.

Por ser uma doença ainda pouco
conhecida, nem sempre há testes para diagnóstico preciso e também medicamentos
específicos. As informações sobre a superbactéria estão sendo reunidas e
analisadas.

Um estudo divulgado
pela BASHH alerta que, se medidas urgentes não forem tomadas, a MG pode se
tornar uma “superbactéria” em dez anos. Atualmente, uma em cada 100 pessoas
infectadas pode não responder ao tratamento.

Segundo a análise, os dados preocupam porque a não reação ao
tratamento pode levar até 3 mil mulheres por ano a terem doença inflamatória
pélvica (DIP) causada por MG e com risco de infertilidade.

Características

A “superbactéria” provoca sintomas semelhantes aos da clamídia –
doença sexualmente transmissível também por bactéria que provoca dores,
inflamação pélvica e corrimento, mas é mais resistente ao tratamento e, se não
tratada, pode levar à infecção da órgãos reprodutivos e causar infertilidade.

Há, ainda, mais semelhanças entre a contaminação por Mycoplasma
genitalium (MG) e outras doenças sexualmente transmissíveis. No caso do homem,
provoca ardência ao urinar e secreção, além de inflamação dos órgãos internos.

Nas mulheres, a superbactéria provoca dor ao urinar, inflamação
de órgãos internos, secreção e infertilidade, em situações mais graves.

De acordo com especialistas, homens e mulheres correm risco de
serem contaminados pela MG quando fazem sexo desprotegido, no caso, sem o uso
de preservativo. A contaminação pode ocorrer por via oral, vaginal e anal.

Prevenção e tratamento

O estudo informa que 72% dos especialistas em saúde sexual
disseram que é preciso mudar as práticas sexuais para se tornem mais seguras.
No caso, recomendam um alerta das autoridades públicas sobre as ameaças do
avanço da superbactéria.

O porta-voz da BASHH, Paddy Horner, afirmou que a MG é tratada
com antibióticos, mas até recentemente não havia testes disponíveis para
diagnosticar a doença. Segundo ele, houve situações de diagnóstico e tratamento
equivocados.

Para elaboração do estudo, foram ouvidos 169 especialistas em
saúde sexual que atuam no Reino Unido. Entre as recomendações apresentadas
estão o melhor controle da resistência aos antibióticos, a busca pelo
diagnóstico mais preciso, a redução de custos do tratamento e o acompanhamento.


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