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Número de residências em que mais de 75% da renda de aposentadorias passou de 5,1 milhões para 5,7 milhões
Pelo menos 10,8 milhões de
brasileiros dependem da renda de idosos aposentados para viver. Só no último
ano, o número de residências em que mais de 75% da renda vem de aposentadorias
cresceu 12%, de 5,1 milhões para 5,7 milhões.
O estudo feito pela LCA Consultores considera
domicílios onde moram ao menos uma pessoa que não é pensionista ou aposentada,
e que abrigam um total de 16,9 milhões de pessoas, incluindo os próprios
aposentados. Essa dependência sempre foi mais forte no Nordeste, que nos
governos do PT viu benefícios como aposentadorias e Bolsa Família crescerem
mais que a renda do trabalho.
O desemprego, no entanto, está levando mais lares,
em outras regiões do País, à mesma situação. No Nordeste, a fatia da
Previdência na renda das famílias passou de 19,9% em 2014 para 23,2% em 2017.
No país, foi de 16,3% para 18,5%, aponta a consultoria Tendências. “À
medida que o mercado de trabalho demora para se recuperar, as aposentadorias
acabam ganhando espaço no orçamento familiar”, diz Cosmo Donato,
economista da LCA e responsável pelo estudo. Nos domicílios em que mais de 75%
da renda vem da aposentadoria, o número de desempregados é quase o dobro da
média do país.
Esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Na
Espanha, no período mais agudo da recessão recente, economistas chegaram a
chamar os idosos espanhóis de heróis silenciosos da crise, por bancarem
financeiramente filhos e netos desempregados e evitarem, em certa medida, um
colapso social. Familiares chegaram a tirar aposentados de asilos para garantir
uma renda.”No Brasil, os avós estão virando arrimo de família”, diz o
médico Alexandre Kalache, especialista em longevidade. “Eles estão
absorvendo o impacto do desemprego e da instabilidade econômica.” A
consequência, segundo Kalache, é perversa. “A geração que hoje depende dos
pais pode ter dificuldade para se aposentar. Em breve, serão eles os idosos. E
sem renda.”