Laboratórios testam vacina com resultado duradouro para combate ao câncer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de abril de 2018 às 22:49
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:41
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Laboratórios em Campinas desenvolveram combinação de vacinas com resultado otimista

Pesquisadores do
Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), do Centro Nacional de Pesquisa em
Energia de Materiais (CNPEM), em Campinas, desenvolveram uma combinação de
vacinas contra o câncer com resultados duradouros quando testada em
camundongos. 

A vacina tem por objetivo estimular o sistema imune contra
células tumorais que antes passavam desapercebidas. Uma vez detectadas, o
próprio corpo passa a combatê-las. Esse tipo de estratégia já é conhecida e
descrita na literatura médica.

O que os
pesquisadores brasileiros fizeram foi combinar diversas vacinas e observaram
resultados promissores. “Nós combinamos vacinas diferentes que fizemos no nosso
laboratório, de modo a verificar a sinergia entre elas. Observamos que algumas
combinações, além de muito efetivas para eliminar completamente o câncer, também
conseguiram prevenir, evitar que os animais testados desenvolvessem um novo
câncer”, disse o coordenador da pesquisa, Marcio Chaim Bajgelman.

Recidiva

De acordo com Márcio Chaim, os camundongos que receberam a
vacina conseguiram combater as células cancerígenas iniciais, mantiveram uma
“memória” sobre elas e as eliminaram quando infectadas
pela segunda vez. “Administramos novamente células de câncer e
verificamos que houve uma proteção duradoura. Essas células não conseguiram se
desenvolver e os animais eliminaram a primeira e a segunda levas de
células tumorais, destacou.

Segundo o
pesquisador, os pacientes com câncer, em muitos casos, apresentam recidiva – a
volta da doença após o tratamento inicial. Muitas vezes o câncer volta mais
forte e o medicamento usado inicialmente não surte efeito. “No nosso caso,
verificamos a possibilidade de induzir uma resposta duradora que poderia
prevenir essa recidiva”, afirmou.

Vacina

Conforme Márcio Chaim, os ensaios do grupo de pesquisadores
brasileiros estão sendo redimensionados para células humanas. O processo, até a
aplicação em pacientes, poderá demorar até oito anos. Atualmente, o laboratório
faz parcerias com outras instituições, a fim de receber tumores e sangue
humano. “Vamos iniciar ensaios de cultura células com esse material para
verificar o benefício da vacina. Uma vez que tenhamos resultados interessantes in vitro, vamos partir
para um modelo in vivo”,
destacou o pesquisador.

A criação de vacina
contra o câncer é um objetivo buscado por diversos pesquisadores. Elas foram
inicialmente desenvolvidas pelo norte-americano William Coley, que fez
experimentos no início dos anos 2000. 

Atualmente, o modelo mais bem sucedido é a vacina GVAX, testada
em camundongos com células de melanoma injetadas na cauda. Normalmente, o tumor
se desenvolve no pulmão e causa a morte do animal em aproximadamente 28 dias. O
quadro é revertido com a aplicação da GVAX, que aumenta a expectativa de vida
do animal. Apesar dos bons resultados em roedores, ainda não foi observado o
mesmo desempenho da GVAX nos ensaios com humanos.

O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é
uma organização social (OS) qualificada por decreto pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). São quatro laboratórios
referências mundiais e abertos à comunidade científica: o Laboratório Nacional
de Luz Síncrotron (LNLS), o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), o
Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) e o
Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).


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