Institutos estaduais apresentam novidades tecnológicas na Agrishow

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de abril de 2018 às 08:03
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Projetos de órgãos ligados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento serão apresentados no evento

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o mercado mundial de plantas aquáticas movimentou US$ 11,4 bilhões em 2016, com uma produção total de 30,1 milhões de toneladas.

De olho na importância econômica desse mercado, o Instituto de Pesca (IP), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve desde 1995 estudos com a macroalga marinha Kappaphycus alvarezii, que apresenta potencial de aplicação em diversos segmentos da indústria, como o de biofertilizantes, biocombustíveis, cosméticos, rações, dentre outros.

Os resultados preliminares do projeto de pesquisa intitulado “Desenvolvimento ordenado e potencial da produção da macroalga Kappaphycus alvarezii no Estado de São Paulo para a extração do biofertilizante”, realizado pelo Instituto de Pesca em parceria com a Faculdade de Engenharia Agrícola (Fepagri), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), serão apresentados ao público entre os dias 30 de abril e 4 de maio, durante a Agrishow 2018.

De acordo com a pesquisadora do IP Valéria Cress Gelli, que coordena o projeto, os resultados obtidos demonstraram que o extrato da macroalga pode ser considerado um estimulante agrícola e sua eficiência já foi comprovada também em diversos estudos.

“Os testes preliminares que realizamos demonstraram que o extrato da macroalga em uma concentração de 2% resultou em um aumento de produtividade de aproximadamente 25% na cultura da alface quando comparado aos biofertilizantes comerciais. Novos testes devem ser realizados, porém a eficiência deste extrato tem sido estudada mundialmente com sucesso em outras culturas, como, por exemplo, a da soja, pimentão, milho, cana, trigo”, diz a pesquisadora.

Prevenção

Outro ponto positivo da utilização da macroalga para esse fim é que o produto é biodegradável e previne doenças nas lavouras, principalmente as causadas por fungos e bactérias, conta Valéria Cress Gelli.

O projeto também tem o objetivo de desenvolver de forma sustentada, ordenada e responsável o cultivo de algas, ou algicultura, no litoral norte de São Paulo, a fim de que se torne uma alternativa de trabalho e renda para as comunidades litorâneas, em particular aquelas relacionadas à produção aquícola familiar e/ou artesanal.

“Nos estudos de viabilidade econômica realizados, concluímos que a produção do extrato da macroalga, de forma artesanal, passa a ser rentável a partir de áreas de cultivo de 2.000 m² de lâmina d’água. Além destes estudos de eficiência econômica, estamos também realizando pesquisas com o uso de geotecnologias para o ordenamento espacial da atividade em todo o litoral norte de São Paulo, com o objetivo de colaborar nas políticas públicas da maricultura paulista”, explica Jansle Vieira Rocha, professor e pesquisador da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp.

Controle

O Instituto Biológico (IB), também ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, levará à Agrishow as tecnologias para o controle biológico de pragas e doenças, que serão expostas no espaço Vitrine Tecnológica para Pequena Propriedade.

Uma delas será o controle biológico do ácaro-rajado em plantas ornamentais, como rosas, orquídeas e gérberas. Os trabalhos do IB garantem controle efetivo da praga, com o uso mínimo de defensivos agrícolas. As pesquisas do IB possibilitaram a redução de até 70% de acaricidas para o cultivo de gérberas e crisântemos e até mesmo a eliminação do uso dos produtos em rosas e orquídeas.

Os estudos do IB envolveram os floricultores da região de Arujá, um dos principais polos de floricultores do Estado. Os produtores enfrentavam problemas para controlar o ácaro-rajado. O uso constante de acaricidas estava selecionando os ácaros resistentes, diminuindo drasticamente os efeitos do produto.

“Com aplicação exclusiva de produtos químicos, alguns produtores estavam obtendo níveis de controle abaixo de 20% para diversos acaricidas. Com a adoção de estratégia de manejo, incluindo o controle biológico, proposta pelo IB, é possível chegar ao controle efetivo da praga, acima de 80% de eficácia, com o uso mínimo de acaricidas”, explica Mário Eidi Sato, pesquisador do IB.

Agentes

O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais para diminuir a população de uma praga. “Componente fundamental da natureza, o controle biológico abre espaço para uma agricultura mais sustentável. Resumidamente, pode ser definido como a natureza controlando a natureza”, explica Antonio Batista Filho, diretor-geral do IB.

Os agentes de controle biológico agem em um alvo específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores.

“O avanço tecnológico na produção de alimentos em fundação da utilização de insumos modernos é indiscutível. Contudo, o emprego inadequado tem levado a situações de risco. Existe a consciência de que é necessário encontrar um ponto de equilíbrio que compatibilize a demanda crescente de produção de alimento e preservação do futuro. O controle biológico é uma ferramenta importante para isso”, afirma Batista Filho.


+ Agronegócios