Instituto Butantan abre inscrições para MBA em Gestão de Saúde

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de julho de 2018 às 01:13
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:50
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Curso para pesquisadores, empreendedores e investidores tem duração de 18 meses e parceria da Fapesp

Até o dia 10 de
julho, o Instituto Butantan recebe inscrições para a nova turma do MBA Gestão
da Inovação em Saúde. O curso é voltado para pesquisadores, empreendedores e
investidores que buscam nichos de mercado na área da saúde.

A carga horária é de 646 horas: 360 horas
presenciais e 286 horas de trabalho a distância. Com duração de 18 meses, o
curso possui três ciclos, que se complementam promovendo a formação do Gestor
de Inovação: Inovação Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia;
Pesquisa, Desenvolvimento e Produção em Saúde; e Parcerias, Negócios,
Financiamento e Gestão de Projetos Inovadores. O projeto tem apoio do Centre of
Excellence in New Target Discovery (CENTD), sediado no Instituto Butantan e
financiado pela Fapesp e GSK.

O objetivo do curso é capacitar profissionais para
atuar nas áreas de inovação, gestão estratégica, novos negócios, produtos ou
serviços e para transformar pesquisas científicas em produtos inovadores na
área de saúde, estimulando tratamentos de doenças com novos fármacos,
diagnósticos, tratamentos cirúrgicos, terapêuticos, além de novos equipamentos.

“O curso visa preencher uma importante lacuna do
mercado entre a criação científica e a materialização de um produto de saúde
originado por ela. Precisamos de mais profissionais preparados para conduzir as
etapas de desenvolvimento de novos produtos, principalmente em um ambiente
extremamente regulado como este”, explica Ana Marisa Chudzinski-Tavassi,
coordenadora-geral e de inovação do curso e coordenadora do CENTD.

Segundo ela, o programa busca alinhar estratégias de
inovação com o processo de desenvolvimento, “desde as ferramentas de pesquisa
até a produção e a comercialização de produtos, viabilizando o domínio de todo
o arcabouço legal necessário para transferência do conhecimento científico e
tecnológico desenvolvido por Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação
para empresas que têm interesse em desenvolver e explorar comercialmente a
tecnologia, seja por meio de novos produtos, processos ou aplicação em
materiais e/ou serviços na área da saúde”.

Os diferenciais do curso são a reunião de
profissionais de diferentes segmentos e a aproximação de pessoas oriundas de
universidades e de empresas, o que possibilita a convergência e o
compartilhamento de informações e torna o aprendizado muito mais amplo,
complexo e completo.

Com formato semipresencial (blended learning), o
curso é interativo e está estruturado para o desenvolvimento teórico e prático
de profissionais, para que possam gerenciar todas as etapas do processo de
inovação em saúde. Os encontros presenciais ocorrem mensalmente no Instituto
Butantan e serão complementados por conteúdos disponibilizados na internet e
atividades realizadas a distância.

Inovação
e sociedade

A Fapesp está constantemente apoiando projetos que
envolvam pesquisa, tecnologia e inovação, inclusive na área da saúde. Em maio
passado, promoveu um ciclo de palestras relacionado ao tema em parceria com o
Instituto do Legislativo Paulista (ILP).

Sérgio Mascarenhas, professor emérito da USP, foi um
dos participantes e mostrou ao público todo o processo de desenvolvimento de um
dispositivo que mede a pressão intracraniana, sem a necessidade de perfurar o
crânio do paciente – uma inovação que teve origem a partir de um problema
pessoal do pesquisador. “O que eu fiz foi simples. Tem a ver com a
transdisciplinaridade, aplicar o conhecimento de uma área em outra, e é isso
que precisamos para haver inovação”, ele contou.

Outra inovação de grande impacto na saúde
apresentada no evento foi um teste do vírus zika. Mais rápido e mais eficiente
que as 55 tentativas de teste pesquisadas pela Rede Zika, ele deve chegar ao
mercado até 2019, assim que a comercialização for aprovada pela Anvisa.

Com 96% de
especificidade – quando 96% dos resultados positivos são de fato positivos – o
teste deve ser oferecido no Sistema de Único de Saúde. “Conseguimos desenvolver
um teste de alta especificidade que detecta a presença de anticorpos que
atuaram contra o vírus zika. Ele vale tanto para quem foi infectado
recentemente como para quem teve a infecção há muito tempo, visto que os anticorpos
permanecem no organismo durante muitos anos após a infecção, conferindo
imunidade para sempre”, disse Viviane Botosso, pesquisadora do Instituto
Butantan.

Os engenheiros da
Magnamed já passaram por todas essas etapas – desenvolvimento de uma ideia, pesquisa,
regulação e comercialização. A startup, que começou em uma garagem e recebeu
apoio do PIPE-Fapesp, tornou-se uma empresa de ventiladores pulmonares que
exporta seus produtos para 50 países e acaba de construir uma fábrica própria
nos Estados Unidos.

A estimativa é que os equipamentos salvem 1 milhão
de vidas por ano. “Tivemos um tempo grande de pesquisa e vimos que as opções do
mercado podiam melhorar. Elas tinham uma usabilidade complexa, sendo que ou
atendiam pacientes do pré-natal ou pacientes pediátricos e adultos”, disse
Wataru Ueda, um dos sócios da empresa.


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