Inclusão está na moda!

  • F. A. Barbosa
  • Publicado em 23 de outubro de 2019 às 17:27
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:05
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A Maior Semana de Moda terminou Sexta-feira, dessa vez de volta ao Pavilhão das Culturas Brasileiras dentro do parque Ibirapuera, que foi todo adaptado para receber o evento com mais conforto…Sucesso!!!

A edição, trouxe muita expressão, talksworkshopsreflexões sobre o futurosustentabilidade, questões sociais, como reconstrução da sociedade através da moda como incentivo ao empreendedorismo. Algumas marcas levantaram bandeira em protestos, de assuntos atuais.FAntastico!!!

O evento sempre tem um olhar voltado para inclusão, que estava presente, desde à acessibilidade ao evento, bem como no casting dos desfiles.Achei bem interessante essa edição N48, mais enxuta,  O evento trouxe algumas ações concretas de inclusão, que vão além do discurso vazio que se pratica tanto por aí, não só na moda como também em outros setores. Inclusão racial, de gênero e de pessoas com deficiência .Pessoas em evolução…

O “fashionmoment” ficou com a estreia de Isaac Silva, estilista baiano, negro e gay, egresso da Casa de Criadores, que contemplou a turma toda e mais um pouco, sem preconceito reverso.  A passarela era ladeada por uma fileira de arruda e sal grosso (pra proteger contra mau olhado), toda roupa era branca (como cantado na trilha com música de Adriana Calcanhoto, com bordados richelieu e de búzios, todos já à venda na loja dele) e quase toda pele era preta – magra, grande, gorda, pequena -, desfilando e assistindo. Parecia concurso com torcida vibrando, gritando e aplaudindo. Era o público negro sendo reconhecido e se reconhecendo. Como diz Isaac, acredite no seu axé!Salve!!!!

Com a mesma pegada e energia foi a apresentação da Cavalera. O proprietário Turco Louco foi direto à fonte e chamou a dupla Leo Bronks e Emerson Timba (stylists de Kevinho e outros) pra criar a coleção streetwear da passarela, que será vendida na flagship da marca nos Jardins, em SP, e sob encomenda. Foi um show de moda rua de verdade, com direito a ambulantes vendendo água, e toda diversidade urbana na passarela, sob o olhar do prefeito Bruno Covas. 

Em proporção bem menor, tivemos a estreia da cabo-verdiana Angela Brito. Enquanto Isaac exalta explicitamente a cultura e o orgulho afro, Angela não faz uso do discurso do propósito. Simplesmente faz roupa, faz moda e quer seu espaço. E ambas as posturas merecem respeito. Assim como João Pimenta, numa de suas melhores coleções, exaltando (e resgatando?) o lesbianchic, com a trilha de GA31 (pronuncia-se Gabi) com letras como “felizmente continuo sapatona”, pra deixar tudo bem claro. Manifestações à parte, a alfaiataria dele estava forte e interessante! 

A alfaiataria foi ponto alto em vários momentos: além de João Pimenta, na coleção de Gloria Coelho com seu olhar de realismo fantástico-futurista e peças que se sustentam por muitos anos tamanha sua qualidade. Também com Reinaldo Lourenço num mix punk-vitoriano, na Modem e na Neriage – ambas mais maduras e reais-, na Apartamento 03 e sua  poética homenagem a KazuoOhno e ao butô. 

Falta falar da sacada multimídia da AnotherPlace, do romântico upcyclingjaponista de Fernanda Yamamoto (com Chico César ao vivo), do slowfashion da Beira, e de muito mais. Mas aqui vão minhas primeiras impressões e aqui sobre o desfile da Ellus, que abriu a temporada. E foi um sucesso total no centro de são Paulo… 


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