Imunoterapia se consolida como um dos pilares de tratamento contra o câncer

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  • Publicado em 30 de outubro de 2018 às 09:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:07
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Nobel 2018 de Medicina premiou terapia que enfoca no sistema imunológico

Cristiane Alves Mendes, médica oncologista do InORP/Grupo Oncoclínicas diz que a imunoterapia tem potencial para combater variados tipos de câncer

Combater o câncer com medicamentos que estimulam o sistema imunológico para que ele reconheça e destrua as células cancerígenas. Esse é o princípio da imunoterapia, tratamento contra o câncer que foi reconhecido pelo Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia 2018. A cerimônia ocorreu na Suécia, no início deste mês de outubro.

Os cientistas James P. Allison, dos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, do Japão, foram premiados pelas suas descobertas relacionadas a proteínas produzidas pelos tumores que bloqueiam a célula mais importante do sistema imune. A decisão do Comitê do Nobel consolidou a estratégia da imunoterapia como o quarto pilar do tratamento contra a doença, juntamente com quimioterapia, cirurgia e radioterapia.

“Em 2016, a ASCO (Sociedade Americana de Oncologia Clínica) já havia reconhecido a imunoterapia como o maior avanço contra o câncer. Agora, com o reconhecimento por parte do Prêmio Nobel, temos um marco na história da medicina”, comenta Cristiane Alves Mendes, médica oncologista do InORP/Grupo Oncoclínicas.

O tratamento tem potencial para combater variados tipos de câncer como melanoma, câncer de bexiga, de pulmão, de estômago, de cabeça e pescoço, linfoma e leucemia. Ainda há estudos em andamento para identificar outros casos que também podem usufruir da imunoterapia. “É uma alternativa que vai além dos tratamentos tradicionais. Devemos selecionar muito bem os pacientes para esse tratamento, porque ele não funciona igual para todo mundo. Quando indicada, a imunoterapia pode tratar o câncer sem causar os mesmos efeitos colaterais tradicionais da quimioterapia, como náuseas e vômitos, queda de cabelo e queda de imunidade. A imunoterapia pode causar diarreia e, em casos mais raros, inflamação de rim, de tireoide e de fígado. O controle do tratamento deve ser muito rigoroso para identificar a resposta e eventos adversos, para tratá-los precocemente”, explica a oncologista.

De acordo com Cristiane, a imunoterapia compreende uma diversidade de drogas. Os medicamentos impedem que o câncer bloqueie o sistema imunológico do organismo, dando as condições necessárias para que a defesa trabalhe no combate e eliminação das células cancerígenas. Esse processo ainda deixa uma memória de proteção, o que permite que a resposta ao tratamento seja duradoura.


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