Furnas desenvolve projeto de torres eólicas mais baixas e duráveis

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 30 de junho de 2019 às 20:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:38
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Tecnologia pode resultar em economia em termos financeiros e em maior eficiência, na questão da durabilidade

O Laboratório de Aerodinâmica Aplicada de Furnas, subsidiária da
Eletrobras, em Aparecida de Goiânia (GO), está desenvolvendo um projeto
pioneiro para a construção de torres eólicas.

A tecnologia pode resultar em economia em termos financeiros e
em maior eficiência, na questão da durabilidade. A meta, no longo prazo, é
instalar torres eólicas de menor altura e com geradores de menor porte para
abastecer de energia regiões afastadas do Brasil.

Segundo o gerente do Centro Tecnológico de Engenharia Civil de
Furnas, Renato Cabral, pela primeira vez no Brasil está sendo usada, para a
fundação da torre eólica, a tecnologia conhecida como expander bodies, usada no mundo inteiro em fundações
de edificações normais, na estrutura de contenções e na fundação de torres de
transmissão.

No Brasil, essa tecnologia nova está começando a ser adotada na
fundação de torres de transmissão.

A tecnologia nova de fundação trabalha com o sistema de tração.
“Ou seja, em vez de estar empurrando a torre no solo, há um esforço que puxa ela
para cima”, explica Renato Cabral. “Como se estivesse arrancando”, complementa
o gerente da Divisão de Tecnologia e Engenharia Civil de Furnas, Alexandre
Castro.

O sistema expander
bodies
trabalha melhor com essas ações de arrancamento. Isso
porque, nas torres eólicas, o esforço acontece pela ação dos ventos, que têm
tendência de “puxar” a torre.

Protótipo

O protótipo de torre que será montado no campo experimental do
laboratório de Furnas terá 40 metros de altura, ao contrário das torres de
parques eólicos tradicionais instalados na Região Nordeste, com torres de 120
metros.

A torre começará a ser montada em agosto próximo e terá gerador
de 30 quilowatts (kw), bem abaixo dos geradores utilizados atualmente em torres
eólicas no país de 3 megawatts (MW), cujas pás chegam a até 90 metros de
diâmetro.

Em setembro, quando a torre estiver montada, serão concluídos os
testes de carga, para verificar a eficiência da nova tecnologia usada na
fundação do equipamento. Em seguida, ao longo de um ano, está prevista a
realização de testes para verificar a ação dos ventos, entre outros fatores. Os
testes a serem efetuados em 2020 servirão para comprovar a viabilidade técnica
e econômica do sistema, visando à aplicação a partir de 2021.

Um primeiro estudo envolverá a prova de carga. Será feita uma
fundação similar à do protótipo à qual serão aplicados carregamentos, para
verificar qual é o comportamento. “A ideia é comparar com a fundação normal”,
disse Cabral.

Segundo ele, análises iniciadas pela Universidade de Brasília
(UnB) mostraram que essa fundação apresenta o dobro de eficiência em relação às
fundações normais. O segundo estudo será referente à torre em si e verificará a
atuação dos ventos e de seus reflexos sobre a fundação.

Economia e eficiência

Renato Cabral estima que a nova tecnologia de fundação pode
significar valores até 20% mais baratos do que a tecnologia tradicional na hora
da execução, dependendo do terreno onde a torre será erguida.

No entanto, o principal fator de preocupação dos técnicos de
Furnas diz respeito à durabilidade. “Você pode executar outro tipo de fundação
com o mesmo valor, só que esse outro tipo, por não trabalhar bem a tração, vai
começar a dar problemas em cinco a dez anos. Com a tecnologia nova, o que se
espera é que não haja problemas futuros”.

Cabral explicou que apesar de não ter, num primeiro momento,
retorno financeiro imediato, o novo tipo de torre é rentável ao longo de toda a
vida útil por causa da durabilidade do empreendimento. “A gente espera que essa
fundação tenha melhor comportamento do que os demais tipos aplicados, ao longo
do tempo”, ressalta.

Caso os resultados dos testes sejam positivos, a nova tecnologia
poderá ser aplicada por Furnas em novos projetos de parques eólicos no país.

A ideia, disse Cabral, é avaliar a instalação de torres de 40
metros para a implantação de parques eólicos menores em locais de vento de
baixa velocidade e que possam ser montadas por empresas locais em regiões mais
afastadas e com geradores de menor porte. O objetivo é fornecer energia a comunidades
de menor população em todo o Brasil.

Goiás é um dos estados que poderão ser beneficiados com a nova
tecnologia e, por extensão, a Região Centro-Oeste, afirmou o gerente do Centro
Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas.

Deverão ser feitos estudos de viabilidade para a altura de 40
metros de uma torre eólica e com pequenos geradores. “Viabilizando isso para
Goiás, viabiliza para o Brasil todo”, concluiu Cabral.

A construção da torre eólica de 40 metros com a tecnologia de
fundação expander bodies
faz parte do projeto de pesquisa e desenvolvimento “Metodologias e
Infraestruturas Tecnológicas para Ampliação da Confiabilidade e Otimização de
Empreendimentos de Energia”, conduzido pelo Centro Tecnológico de Engenharia
Civil de Furnas, em parceria com a empresa Embre Engenharia Geotécnica e a UnB.


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