“Fui a CEO das crises, mas não vivi nada parecido”, diz Luiza Helena Trajano

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 3 de abril de 2020 às 17:58
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:33
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Para Luizinha, crise causada pela pandemia da covid-19 exige calma e atenção às medidas do governo

​A crise causada pela pandemia de covid é uma realidade. Não há como escapar. A única saída é ter calma e lidar com a situação a partir das medidas do governo.

Essa é a mensagem de Luiza Helena Trajano para lidar com a difícil situação que atravessamos no mundo todo.

“Nesse momento, só sinto uma coisa: se não nos unirmos, não conseguiremos passar bem pela crise”, disse a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza.

Luiza Helen participou de uma videoconferência da série exame.talks, nesta sexta-feira, 3, na hora do almoço.

Em conversa com os jornalistas Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro, Luiza afirmou que costuma brincar dizendo que se considera a “CEO das crises”, por ter vivenciado diversas situações de instabilidade desde que está à frente da empresa.

“Sinto que meu papel nesse momento é contribuir com a sociedade e com os pequenos e médios empresários.”

Luiza avalia que as medidas do governo para apoiar as empresas foram bem tomadas. 

Para ela, o ponto mais importante nesta primeira fase da crise é não gerar desemprego.

“As medidas são boas, mas temos de superar a burocracia do país e fazer o impacto chegar à ponta”, disse a empresária. 

“O autônomo precisa receber os 600 reais o mais rápido possível, senão não tem comida em casa.”

Ela destacou que, por ora, não se deve pensar em déficit público. “Se deixarmos o desemprego crescer e não injetarmos na economia, o resultado será muito pior. O suporte aos autônomos deve chegar logo. #ChegaLogo é o meu mantra agora.”

Mudanças na Magazine Luiza

A varejista Magazine Luiza já era conhecida pelos resultados de seu processo de transformação digital. 

A habilidade ficou ainda mais importante nos tempos de quarentena. Luiza comentou que as lojas físicas viraram pequenos centros de distribuição, onde é possível retirar produtos horas depois da compra. 

A companhia também desenvolveu um programa para ajudar as pequenas empresas a aderir ao marketplace.

Na série de ações para enfrentar a crise, a organização apostou em dar férias antecipadas a alguns funcionários, além de bônus, como o cheque-mãe, que teve seu valor dobrado. 

“Cuidar das pessoas é o nosso primeiro pilar. Depois vem a operação da companhia.”

As mudanças devem ficar mais intensas. “É difícil dizer o que vai acontecer, mas temos de entender que o mundo, as empresas e as pessoas não serão mais os mesmos”, disse.

“O digital não é uma programação, um software, um hardware. Trata-se de uma mudança de cultura, de simplificação, de estar mais em contato com a ponta.”

Para ela, a crise é um momento para que as empresas comecem a avaliar o que pode ser digitalizado.

Luiza prevê que os escritórios não terão mais o tamanho que têm hoje, e que vai se tornar mais necessário ter um local de trabalho em casa.

Otimismo

A empresária acredita que, controlando as questões de saúde, o segundo semestre tem tudo para ser um bom momento. 

“Há uma série de eventos, casamentos, aniversários, que foram adiados para o fim do ano e, além disso, vamos voltar a irrigar a economia”, disse, reforçando a importância de agir.

Durante a conversa com os jornalistas da EXAME, Luiza trouxe à tona uma metáfora que ouviu de Guilherme Benchimol, diretor da XP Investimentos.

“Neste momento, quem ajuda é quem empurra o carro enguiçado”, lembrou. “Quem está na estrada esperando, espera à toa. Ninguém vai dar carona.”


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