Fraude na gasolina: combustível pode ter até 74% de etanol em SP

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 01:02
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:35
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Teste realizado mostra que gasolina vendida no estado de São Paulo é “batizada” e pode ter até 74% de etanol

Um empresário dono de dois
postos de gasolina em São Paulo, informou em entrevista que a concorrência com
estabelecimentos que enganam o consumidor vendendo gasolina “batizada” (com
excesso de etanol além do permitido) está quebrando quem quer trabalhar dentro
da lei.

Testes feitos por órgãos de
fiscalização mostram que a gasolina vendida no estado de São Paulo pode ter até
74% de etanol e solvente.

O
empresário, que está no ramo há 20 anos e não quis se identificar, diz que as
grandes distribuidoras vendem para os postos de gasolina na capital o litro a
R$ 3,65. Para o posto ter rentabilidade, precisa trabalhar com uma margem de
mais R$ 0,50 e R$ 0,60, mas não consegue. “Se a gente pagar R$ 3,65 o litro e
puser mais R$ 0,40 de margem, deveria dar uma gasolina a R$ 4,19, R$ 4,20, R$
4,30. E é muito difícil encontrar um posto vendendo por isso”, afirmou. “Qualquer
valor abaixo disso hoje é para se desconfiar.”

O homem, que já chegou a ter
oito postos na cidade, diz que praticamente não existe fiscalização nos postos.
“Eu mesmo não tenho fiscalização de um órgão da ANP (Agência Nacional de
Petróleo) há mais de um ano em nenhum posto.”

José Alberto Gouveia,
presidente do Sindicato Comércio Varejista Derivados Petróleo Estado São Paulo
(Sincopetro), que está à frente de 7,3 mil postos no estado, diz que a
fiscalização deveria ser mais constante. “A fiscalização é pouca para um volume
de problemas que nós temos no nosso setor. Acho que a legislação demora muito,
precisa-se criar processos internos para ter uma decisão”, afirmou.

Para
o consumidor fica difícil saber em que posto confiar. Mesmo quem tem a cautela
de abastecer sempre no mesmo posto, como garantia de evitar possíveis
problemas, pode ter uma surpresa desagradável, pois casos em que os veículos apresentam
problemas mecânicos por conta da adulteração de combustíveis são cada vez mais
comuns.

Um dos
postos fiscalizados apresentou em sua amostra, mais de 70% de etanol e solvente
em sua composição, o que pode causar graves danos mecânicos ao automóvel.


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