Francanos poderão pagar mais caro no Kg do pão francês nos próximos dias

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  • Publicado em 24 de agosto de 2018 às 13:54
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:57
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Além do produto, devem ficar mais caros os preços da gasolina, produtos de limpeza, remédios e outros

Os francanos podem se preparar. Nos próximos dias, alguns itens
essenciais para o dia a dia, como a gasolina, produtos de limpeza e até o pão
francês, ficarão mais caros.

É que com a alta do dólar, que fechou em R$ 4,06 na última
terça-feira, 21 de agosto – patamar mais alto dos últimos dois
anos – muitos produtos sofrerão reajuste. Segundo especialistas financeiros, é possível que os valores dos insumos
subam 10% ainda este mês.

Com
esse resultado, nos próximos dias, o pão francês, o macarrão, os produtos de
limpeza, remédios, a gasolina, os itens eletrônicos e até mercadorias vindas da
China ficarão mais caras.

O
professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Marcelo Kfoury
explica que cerca de 10% dos produtos da cesta básica contém matéria-prima
cotada no mercado financeiro internacional. “Arroz, feijão e petróleo, por
exemplo, fazem parte das negociações no exterior”, afirma.

Para
o especialista, a situação é complicada porque só agora é que a inflação está
se recuperando da greve dos caminhoneiros. “Com essa disparada do dólar,
não haverá fôlego. Os preços vão continuar subindo durante os próximos
meses”, diz.

De
acordo com Claudio Zanão, presidente da Abimapi (Associação das Indústrias de Biscoitos,
Massas e Pães), produtos que têm o trigo como matéria-prima são os que mais
sentirão o impacto. “Metade do consumo do cereal no Brasil depende da
produção de outros países, como a Argentina e o Canadá.”

Na
capital paulista, o pão deve subir imediatamente, segundo o Sindicato Padeiros.

Thiago
Berka, economista da Apas (Associação Paulista de Supermercados), diz também
que os mercados vão precisar repor em breve os estoques de produtos de limpeza.
“Há alguns dias a disparada do dólar preocupa as empresas. Com estoques
acabando, será preciso pagar mais para repor. E isso terá consequências para o
consumidor final.”

Situação crítica

Segundo o
professor de economia da Universidade Federal Fluminense, especializado em
economia internacional, Osiris Ricardo Marques, a situação é grave. “Existe uma
parte dos insumos que são necessários para a produção interna e que vem de fora
e é isso que gera o aumento dos custos dos produtos e eleva o preço final”, diz
o especialista.

Ele disse que o
que acontece no Brasil é o chamado ‘Pass-through’, relacionado ao câmbio
desvalorizado, inflação, juros e, portanto, com crescimento econômico. “Ou
seja, com a vida de todo mundo. É o tamanho do repasse das variações cambiais
para os preços. Em outras palavras, é quanto uma subida (ou redução) na taxa de
câmbio faz a inflação subir (ou baixar)”, afirmou.

Osiris afirmou
que historicamente a economia brasileira consegue absorver esse aumento dos
preços internacionais, no caso do trigo e dos remédios, mas na questão do
petróleo, que tem sua matéria-prima importada, o consumidor será obrigado a
comprar sob pena de não conseguir controlar o aumento que passará para o
produto”, realçou.

O economista
ressaltou que a alternativa será o aumento da taxa de juro que está baixa. “O
Comitê de Política Monetária (Copom) deve conter o consumo e aumentar os juros
dos créditos que estão baixos. Como em anos anteriores o Banco Central (BC),
com juros maiores contem a inflação. A alta no juro tem impactos no
investimento de empresas e no consumo das famílias, já que a Selic é referência
para aplicações e empréstimos”, explicou Osiris.


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