Expansão do acesso à internet está desacelerando, diz estudo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 20 de outubro de 2018 às 15:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:06
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Preços altos e dificuldade de acesso em algumas áreas contribui para 3,8 bilhões de pessoas estarem offline

Em junho de 2018, a internet chegou à marca de 4
bilhões de usuários. Mas isso também significa que 3,6 bilhões de pessoas ainda
estão fora da revolução digital.

De acordo com um relatório compartilhado com o
jornal inglês The Guardian, essas pessoas desconectadas ainda estão distantes
de ficar online, pois está ocorrendo uma desaceleração dramática no crescimento
global do acesso à internet.

Apesar de a cada ano mais pessoas terem acesso à
rede, o crescimento do acesso a ela está diminuindo. Em 2007, a taxa de
crescimento era de 19%. Já no ano passado ela foi de 6%.

O relatório, que se baseia em dados da ONU, será
publicado no próximo mês pela Web Foundation, uma organização criada pelo
inventor da world wide web, Tim Berners-Lee — que recentemente criou a
plataforma Solid, para tentar “consertar” deficiências da internet. Para
Dhanaraj Thakur, diretor de pesquisa da Web Foundation, o mundo subestimou a
desaceleração, e a baixa taxa de crescimento é preocupante. “O problema de ter
algumas pessoas online e outras não é que você aumenta as desigualdades
existentes”, afirmou.

Segundo o relatório, dos 3,6 bilhões que permanecem
desconectados, uma proporção alarmante é de mulheres. Em áreas urbanas pobres,
o dobro de homens tem acesso a rede. Segundo os dados, a persistente
diferença salarial entre homens e mulheres desempenha um papel importante na
divisão digital entre os sexos, mas não é o único fator. “As mulheres são mais
propensas a ficar de fora por causa das desigualdades econômicas e, em grande
medida, das normas sociais”, disse Nanjira Sambuli, que lidera os esforços da
fundação para promover o acesso igualitário à web. “Em algumas comunidades,
toda a ideia de mulheres possuírem algo próprio, até mesmo um telefone celular,
é desaprovada”.

O relatório também foca em todas as oportunidades
perdidas por quem está sem acesso a rede: “À medida que nosso dia a dia se
torna cada vez mais digital, essas populações offline continuarão sendo
empurradas para as margens da sociedade”, afirma o documento. Ele destaca que,
além das perdas econômicas, as pessoas desconectadas são impedidas de
participar de debates públicos online, plataformas de educação, grupos sociais
e meios simples para acessar serviços governamentais digitais, como o
preenchimento de impostos e a solicitação de carteiras de identidade.


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