Estudo encontra relação de bactérias do intestino e o câncer colorretal

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de abril de 2019 às 19:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:28
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Cientistas apontaram que as alterações encontradas começam antes do diagnóstico de câncer

Uma equipe de
cientistas internacionais, incluindo brasileiros, descobriu que pacientes com câncer colorretal apresentam  micro-organismos
diferentes no intestino. De acordo com a equipe, essa diferença está
relacionada à quantidade aumentada de algumas bactérias intestinais.

O estudo, publicado na
revista Nature Medicine, aponta que essas alterações começam
antes do diagnóstico de câncer – sendo, portanto, uma possível causa para a
doença.

Os pesquisadores
acreditam que esta nova descoberta vai facilitar o diagnóstico
precoce e auxiliar no tratamento já que a neoplasia tem altos
índices de cura quando identificada cedo. “Essa informação também pode ajudar
na prevenção, pois a quantidade de micro-organismos intestinais pode ser
regulada através da dieta”, explicou Emmanuel Dias Neto, do Centro Internacional de Pesquisas (Cipe), no A.
C. Camargo Cancer Center.

O especialista ainda
destacou que uma alimentação rica em gordura pode contribuir negativamente para
o quadro, promovendo o aumento no número de bactérias prejudiciais.  

O câncer colorretal
é o terceiro mais comum no mundo, incluindo no Brasil. Além disso, ele é o segundo tipo de tumor letal com maior
incidência nas mulheres e o terceiro entre os homens. Felizmente, quando
diagnosticado precocemente, a chance de cura chega a 95%.   

O estudo

Para chegar a esta conclusão, a equipe internacional
– formada por pesquisadores da Universidade de Trento, na Itália, em parceria
com o A.C. Camargo Center e a Universidade de São Paulo (USP), no Brasil –
analisaram o material genético de amostras
extraídas das fezes de 969 pessoas de vários nacionalidades (Alemanha, França,
Itália, China, Japão, Canadá e Estados Unidos). Para fins de comparação, as
amostras foram coletadas de indivíduos com e sem
câncer.

A
análise mostrou a existência de 16 micro-organismos associados ao câncer
colorretal. Para os pesquisadores, a presença aumentada dessas bactérias no
intestino pode contribuir para o surgimento da doença. Essa
relação pode ser explicada através da colina –
um nutriente presente em alimentos de origem animal, como carne e ovos.

Segundo os
cientistas, essas bactérias transformam a colina em uma substância
potencialmente perigosa que já foi anteriormente associada à doenças cardiovasculares. 

Apesar
disso, ainda não foi possível determinar porque acontece o aumento na
quantidade dessas bactérias. No entanto, de acordo com Neto, hábitos
danosos, como álcool e
cigarro, e a manutenção de uma dieta gordurosa são
fatores de risco para o quadro.

Portanto, é
importante evitar o alcoolismo e o tabagismo, assim como evitar o consumo
de carnes processadas e reduzir a ingestão de carnes vermelhas. Vale a pena
também investir em alimentos rico em fibras e cereais integrais já que eles
ajudam a reduzir o risco dessa neoplasia.


+ Ciência