Esclerose Múltipla atinge 35 mil brasileiros: jovens e mulheres entre 20 e 40 anos

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  • Publicado em 28 de agosto de 2019 às 09:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:46
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Doença autoimune, esclerose múltipla tem incidência de 15 casos para cada 100 mil habitantes no Brasil

​Perguntas
do tipo “como será a minha vida daqui pra frente?” ou “será que
vou poder ter filhos?” são algumas das dúvidas mais frequentes dos
pacientes recém diagnosticados com Esclerose Múltipla (EM). É comum se
depararem com tantas inseguranças quando têm o diagnóstico, já que é uma doença
ainda de causa desconhecida, sem cura e de grande incidência no mundo.

A
esclerose múltipla é autoimune e atinge o sistema nervoso central causando a
destruição da mielina, proteína essencial para o funcionamento do mesmo, além
da medula e do nervo óptico, o que, eventualmente, resulta em problemas como o
movimento muscular, a visão e o equilíbrio. Segundo a Federação Internacional
de Esclerose Múltipla existem cerca de 2,5 milhões de pessoas com EM ao redor
do mundo, sendo 35 mil apenas no Brasil, uma incidência de 15 casos para cada
100 mil habitantes.

Embora
tenha uma alta incidência, a doença ainda é um desafio não só para os pacientes
e seus familiares, como também para muitos médicos e pesquisadores, pois ainda
não se sabe o que causa a EM, dificultando também a comunidade científica a dar
mais um passo para encontrar a cura. No dia 30 deste mês é celebrado o Dia
Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla e para entender um pouco mais
sobre a EM, Glauco Filellini, neurologista do Hospital São Luiz Unidade
Morumbi, esclarece algumas das dúvidas mais comuns sobre a doença:

Como identificar a Esclerose Múltipla?

Como
é uma doença autoimune, ou seja, causada pelo próprio organismo, o sistema
imunológico ataca por engano a mielina, formando anticorpos contra a proteína,
fazendo com que o sistema nervoso desenvolva uma inflamação. Segundo o
neurologista, ainda não se sabe a causa dessa atividade anômala, mas existem
algumas teorias. “Acreditamos, até então, que a EM pode ser causada por
uma possível infecção viral ou até mesmo uma tendência genética”, afirma
Filellini.

Os
sintomas variam de acordo com o local do cérebro que foi lesionado. Por
exemplo, alterações visuais, déficit motor ou sensitivo, e alteração de marcha
e equilíbrio. Há também alguns sintomas relacionados às lesões da medula, como
alteração da bexiga e intestino, e fadiga. Existem várias formas da doença,
classificadas conforme o estágio de evolução. Quando ela se manifesta em
crises, com sintomas agudos intercalados por período de silêncio, é chamada de
esclerose múltipla recorrente-remitente. Quando os sintomas são permanentes e
tendem a evoluir cada vez mais é chamada de progressiva primária. E, por
último, existe a progressiva secundária, quando a forma remitente se torna
progressiva.

Como é feito o tratamento?

O
tratamento consiste, basicamente, em atenuar os efeitos e desacelerar a
progressão da doença, e se divide em duas fases. A primeira, tratando as crises
com corticoides. A segunda é o tratamento preventivo, no qual o objetivo é
impedir a atividade anômala do sistema imunológico. Essa prevenção pode ser
feita com o uso de medicamentos e mantendo uma boa qualidade de vida.
“Existe uma relação direta entre a doença autoimune e estresse. Portanto,
uma dieta balanceada, exercícios físicos, uma boa noite de sono e terapia
emocional-comportamental podem impactar na evolução da doença”, explica o
neurologista.

Por que a doença acomete geralmente jovens e em sua
maioria mulheres?

Como
a causa da doença ainda é desconhecida, não se sabe também porque a doença
incide mais em mulheres e mais jovens. Estudos ao redor do mundo relacionam a
diferença entre os gêneros, incluindo fatores como o sistema imunológico, a
influência de hormônios, genética e exposições ambientais.

Como a Esclerose Múltipla impacta na vida dos
portadores?

Normalmente,
depois de receber o diagnóstico, os pacientes se deparam com uma série de
preocupações sobre a sua qualidade de vida. Segundo Glauco Felellini, as
perguntas mais frequentes são: “como será o resto da minha vida?”;
“a EM é uma doença degenerativa?”; ou “será que vou morrer?”.
O neurologista alerta que o impacto da doença na vida dos portadores depende de
uma série de fatores, mas mesmo que não haja uma cura, a EM pode ser
controlada. “O impacto depende muito do tipo da doença, costumamos dizer
que cada paciente tem a sua esclerose múltipla. Tudo depende da incidência das
crises, da precocidade do diagnóstico e do tratamento, do acesso aos
medicamentos e exames, entre outros”, informa.


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