Entre política e segurança no trânsito, prefeito evitou desgaste com os radares

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 00:23
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:29
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Prefeito queria encher Franca de radares, mas ficou com medo da repercussão negativa

Gilson de Souza (DEM) tem se demonstrado lento em muitas decisões à frente da Prefeitura de Franca. Exemplos não faltam, como o relacionamento moroso em relação às entidades assistenciais de Franca e quanto à tomada de atitude para a retirada dos vendedores ambulantes das ruas.

Mas, em algumas ocasiões, Gilson é rápido até demais. Principalmente quando lhe convém. Exemplo disso foi o recuo na intenção de instalar radares fixos pela cidade, anunciada em maio deste ano. Seriam vários aparelhos, incluindo-se também lombadas eletrônicas para promover a fiscalização dos veículos em várias regiões de Franca.

Porém, no início de junho, o Jornal da Franca divulgou uma reportagem relembrando que Gilson foi um político que atacou adversários justamente pelo fato de eles terem adotado a fiscalização eletrônica. 

Em 2000, o então candidato a prefeito Gilson de Souza (terceiro colocado naquela eleição, com 21 mil votos, ou 15% do eleitorado) batia no prefeito da época, Gilmar Dominici, do PT, que havia instalado radares em vários pontos de Franca. 

À época, os adversários, inclusive Gilson, alegavam que havia na cidade uma “indústria da multa” e que aquilo deveria parar. Vídeos gravados para os programas de televisão dos candidatos mostram Gilson em cruzamentos de ruas denunciando o que ele chamou de “indústria de multas”. 

Foi contraditório quando, em maio, Gilson anunciou que 11 equipamentos deveriam ser instalados em Franca, sendo nove radares fixos e duas lombadas eletrônicas.

A argumentação de Gilson era exatamente a mesma utilizada por Gilmar Dominici à época: a necessidade de se disciplinar o trânsito para diminuir o número de acidentes na cidade. Sem pôr e nem tirar uma linha.

É preciso dizer que a fiscalização eletrônica pode sim cumprir com seu propósito de diminuir a quantidade de acidentes. Os equipamentos são calibrados para não errar e não multar indevidamente os motoristas. Seria uma boa proposta, se discutida com clareza, fossem ouvidas a população, a polícia e lideranças políticas e empresariais de Franca.

Mas curiosamente, pouco após a publicação da matéria do Jornal da Franca, o projeto foi arquivado no Departamento de Trânsito da Secretaria de Segurança e Cidadania para não mais voltar a ser discutido até o momento. Para evitar o desgaste político, Gilson agiu rápido. Bom seria se suas decisões na Prefeitura, no dia a dia, também fossem assim.


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