A Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal cumprem os mandados em Franca, São Paulo (SP), Goiânia (GO), Aparecida de Goiânia (GO), Jataí (GO), Rio Verde (GO) e Leopoldina (MG).
Em nota, a PF informou que a investigação teve início em novembro de 2017, quando recebeu a denúncia de que jovens eram aliciados pelas redes sociais na internet, com a promessa de procedimentos cirúrgicos faciais e corporais, para transformá-los em transexuais.
A quadrilha também prometia a participação das vítimas em concursos de misses na Itália. Entretanto, ao chegarem a Franca, as transexuais eram submetidas à exploração sexual e condição análoga à escravidão.
“Os investigados aplicavam silicone industrial no corpo das vítimas e as encaminhavam para clínicas médicas para implante de próteses mamárias, havendo indícios de que as próteses utilizadas eram provenientes de reuso”, diz a PF.
Segundo o Ministério Público Federal, durante as investigações ficou constatado que os próprios criminosos aplicavam silicone industrial nas transexuais para modelagem de bocas, quadris e mamas.
“O emprego corporal da substância, utilizada para lubrificar máquinas e motores, é proibido pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e pelo Ministério da Saúde, pois pode causar necrose, embolia, deformidades e até a morte”, diz o comunicado.
Ainda de acordo com o MPF, proprietários de repúblicas e pensionatos são investigados por oferecerem os procedimentos cirúrgicos. Como se hospedavam nesses locais e “financiavam” as cirurgias, as vítimas adquiriam dívidas elevadas e se tornavam “prisioneiras”.
“Para conseguirem se manter na república, e com a sempre esperança de alcançarem o sonho da identidade de gênero e verem seus corpos transformados, elas se prostituem nas ruas da região, não sendo a elas permitido voltarem à casa sem o faturamento mínimo do dia”, diz a nota.