Enem: porque o número de acertos não corresponde diretamente à nota

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 6 de novembro de 2019 às 23:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:00
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A correção da prova funciona, desde 2010, por um “método antichute” chamado Teoria de Resposta ao Item

​Corrigiu sua prova do primeiro dia de Enem pelos gabaritos extraoficiais e já está desanimado com os resultados? Mantenha a calma porque nem tudo está perdido! 

Além de você ter mais um domingo de prova pela frente, que pode impulsionar sua nota, é importante lembrar que, no Enem, diferentemente de outros vestibulares, o número de acertos não corresponde diretamente à nota.

Quer dizer, já houve tempos em que foi assim. Até 2009, o exame dava os resultados dos candidatos com base na Teoria Clássica dos Testes (TCT), em que o número de acertos correspondia à nota. 

É como ainda hoje funciona a correção da primeira fase da Fuvest e da Unesp, por exemplo.

Acontece que, desde 2010, o Inep resolveu aplicar um novo método de avaliação dos candidatos, que fosse capaz de medir a real proficiência em uma área baseado na “coerência” dos acertos dos candidatos. 

O método também ficou conhecido por ser um jeito de identificar os famosos chutes na prova.O Guia do Estudante explica o porquê.

Para explicar como a Teoria de Resposta ao Item (TRI) funciona, é preciso considerar que a prova de cada área do conhecimento do Enem é elaborada prezando por um equilíbrio entre questões fáceis, médias e difíceis. 

Considerando o nível de dificuldade de cada questão, o Inep elabora uma função matemática, que também leva em conta mais dois parâmetros:

  • A do acerto casual (a chance de um candidato acertar uma questão chutando)
  • A de discriminação (que é a eficácia da questão em medir quem domina ou não aquele conteúdo)

Assim, é gerado um gráfico para cada questão da prova, que mostra quais as chances que um candidato com determinado nível de proficiência tem de acertá-la. 

Mas falta algo para fechar essa conta. O cálculo da probabilidade de acerto é sempre feito em conjunto com uma outra análise: a da coerência pedagógica.

Coerência

E aqui entra de novo a história do chute. Uma prova considerada incoerente é aquela em que o candidato acerta mais questões difíceis e médias do que questões fáceis. O próprio Inep explica de um jeito bem didático:

Imagine uma prova de salto em altura: se um atleta consegue saltar barras de até 1 metro de altura, espera-se que ele também consiga saltar obstáculos de 90, 80 e 70 cm, por exemplo, mas não de 1,2 m.

Portanto, se você acertou uma questão de História mais simples no último domingo e errou uma mais complexa, como a que tratava do Concílio de Trento, por exemplo, você não está em uma situação tão ruim assim. 

Sua prova será considerada mais coerente do que a de quem cometeu o acerto inverso. 

Mas então quer dizer que é melhor não chutar nas questões difíceis, já que o TRI vai considerar que meu acerto foi ao acaso? Não é para tanto! 

No próximo domingo de prova (10) só fique atento para responder às questões mais fáceis primeiro, garantindo esses acertos e que, portanto, sua prova será “coerente” para o Enem. 

Se não souber responder o restante, é melhor chutar do que ficar em branco. Afinal, uma questão em branco não pontua, e um acerto no chute apenas tem chance de pontuar com uma nota menor. 

Para fechar, fica o recado: nem sempre pessoas com o mesmo número de acertos terão a mesma nota. Assim como quem acertou 30 questões pode ter uma nota superior a quem acertou 35. Tudo depende da famosa Teoria de Resposta ao Item. 

Enquanto a nota do Enem não sai, você pode conferir o comentários de professores sobre todas as áreas da prova, as análises das questões mais difíceis e correr para revisar alguns assuntos de temas que podem ser cobrados na segunda prova (10). Boa sorte!


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