Endometriose, vilã silenciosa que ataca cada vez mais mulheres

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 12:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:28
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O número de casos entre as mulheres jovens e em idade fértil cresce a cada dia – problema leva à infertilidade

A endometriose é um problema de saúde muito comum entre mulheres jovens, que se encontram em seu período fértil. A doença costuma vir acompanhada de muita dor e, devido a isso, pode afetar a qualidade de vida da paciente, que irá sofrer constantemente com fortes cólicas menstruais.

O problema pode surgir após a primeira menstruação, mas é mais comum que o seu aparecimento aconteça entre os 13 e os 45 anos de idade. De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia, ele afeta aproximadamente seis milhões de brasileiras.

Ela é caracterizada pelo crescimento inadequado do endométrio, tecido que recobre a parte interna do útero e se desenvolve mensalmente para possibilitar uma possível gravidez. Quando ela não acontece, o endométrio começa a descamar, gerando a menstruação. Mas, quando ele cresce e se acumula em outras regiões, como os ovários e trompas, o problema recebe o nome de endometriose, sendo possível que ele aconteça inclusive na bexiga.

Tipos de endometriose

– Profunda:

Considerado o tipo mais grave, a endometriose profunda é a responsável pelos sintomas intensos e frequentes que são sentidos. O problema costuma formar nódulos que atingem o reto, os órgãos genitais e inclusive o intestino. As mulheres com endometriose profunda sofrem grandes chances de se tornarem inférteis. A correção dos sangramentos pode ser complicada, por isso é necessário analisar os riscos que o procedimento pode causar.

– Ovariana:

Pequenos cistos acabam sendo formados com o sangue que se aloja nos ovários a cada ciclo menstrual. Com isso, eles acabam crescendo cada vez mais no decorrer dos meses. O seu tamanho pode afetar drasticamente a fertilidade da mulher, por isso é necessário buscar por opções de tratamento o quanto antes. Na maior parte das vezes acaba sendo indispensável a retirada dos cistos formados.

– Superficial:

Um dos tipos mais leves, consiste na formação de pequenas lesões na região pélvica. O seu diagnóstico é extremamente complicado devida a sua superficialidade. Na maior parte das vezes as mulheres acabam descobrindo a sua existência a partir da realização de cirurgias que analisam o local. Apesar de não ser considerado grave, quando é descoberto, é necessário que ele seja acompanhado frequentemente por um médico ginecologista.

-Septo reto-vaginal:

Esse tipo é muito raro e acomete a região entre o reto e a vagina. Ainda existem poucas informações à respeito de como o tecido endometrial chega nessa região.

-Endometriose de parede:

Acontece frequentemente após a realização de procedimentos cirúrgicos. É comum o aparecimento de cistos que se localizam próximos à região da cirurgia.

-Endometriose pulmonar ou pleural:

Um dos casos mais raros. A endometriose pulmonar consegue alcançar vasos sanguíneos localizados no pulmão. O problema é grave e muitas vezes pode causar tosse com sangue.

Possíveis fatores de risco

Mulheres que apresentam casos da doença na família estão mais propensas a desenvolver o problema. Estudos divulgados pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia concluíram que esse fator pode interferir no seu aparecimento em aproximadamente 51% dos casos analisados, principalmente entre mulheres com irmãs gêmeas.

Quando isso acontece, o surgimento da endometriose pode ser diagnosticado com maior facilidade, considerando que o histórico familiar pode auxiliar o médico responsável. Com a realização de alguns exames anuais se torna viável o controle da sua incidência e também os seus sintomas.

Além disso, é possível que outros fatores interfiram, como: possuir ciclos menstruais irregulares, períodos menstruais muito longos (com mais de 7 dias de duração), não ter tido nenhuma gravidez, possuir algum tipo de anomalia no útero.

A doença é classificada em diferentes níveis, como: leve, moderada e severa. Entenda melhor cada caso:

-Leve:

As dores e os sintomas são suportáveis e, na maior parte das vezes, a paciente não necessita do uso de medicamentos.

-Moderada:

Normalmente a paciente necessita do uso de medicamentos com frequência.

-Severa:

Mesmo com o uso de substâncias analgésicas a paciente continua sentindo fortes dores, que chegam a ser, em alguns casos, insuportáveis.

Causas mais comuns

Existem algumas hipóteses levantadas por médicos, onde são apontadas possíveis causas para o seu aparecimento, entre elas estão:

-Menstruação retrógrada:

O fluxo sanguíneo da menstruação acaba realizando um percurso errado, indo até as tubas uterinas e, com isso, vazando para outros locais próximos à região como os ovários e até mesmo o intestino.

-Imunidade baixa:

Quando existem problemas no sistema imunológico o organismo sente dificuldade para funcionar da forma correta e também passa a produzir células do endométrio no local errado.

Principais sintomas

Entre os sintomas mais frequentes, é comum que as mulheres sofram com casos de infertilidade e dor intensa, principalmente durante as relações sexuais. A quantidade de pacientes que relatam esses sintomas chega a alcançar até 60%. Mas, também existem outros sinais que podem indicar a sua existência:

Cólicas menstruais frequentes e intensas;

Dores abdominais fortes no período pré-menstrual;

Sensação extrema de cansaço;

Sangramento intenso e abundante durante a menstruação.

Presença de nódulos ou cistos.

Sensação de dor durante a micção;

Constipação e dor intestinal;

Náuseas e vômitos durante os quadros mais graves de dor.

Como diagnosticar o problema

Se você apresentar algum dos sintomas descritos acima, é recomendável marcar uma consulta médica com um ginecologista o quanto antes. O diagnóstico muitas vezes pode ser complicado, por isso é essencial que a partir dos primeiros sintomas a paciente já procure ajuda médica, para evitar o agravamento da situação.


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