Diferença de idade entre filhos se torna comum entre as famílias da atualidade

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  • Publicado em 16 de novembro de 2017 às 11:36
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:26
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Maioria dos pais opta por espaçar nascimento dos filhos e diferença de idade pode ser positiva

O filho único “reinava” sozinho na
família, sendo depositário de todos os mimos e carinhos possíveis… até que, um
dia, recebe a notícia de que seu reinado vai ser dividido com outro serzinho,
que está dentro da barriga da mãe. Aí começam os problemas: ao nascer, o mais
novo passa a ser o alvo das atenções, a receber visitas e presentes e, a mãe,
antes só sua, se volta totalmente para o bebê. Ele se sente desamado, inseguro,
enciumado, excluído e, por medo de perder o carinho e a atenção dos pais,
rejeita ou até mesmo agride o bebê. Como lidar com essa situação? “Os pais devem saber se terão disponibilidade de tempo
para a criança. Se não há tempo para cuidar do primeiro filho, nem vale a pena
ter o segundo. A questão financeira também deve ser levada em consideração”,
diz a psicóloga Kamila Andrade, observando que os ciúmes são mais comuns em
irmãos com pouca diferença de idade. Por isso, aponta que o melhor espaçamento
entre as idades do primeiro e segundo filho é de sete anos. “Por volta dos
sete, oito anos de idade, a criança está começando a adquirir independência e
não se importa tanto com a chegada de um irmão. Ela consegue perder o colo da
mãe sem se sentir rejeitada e ameaçada”, pondera.

Isso não significa que
filhos com uma diferença menor de sete anos estejam destinados a competirem
entre si. Tudo depende de como os pais encaram a situação e expõem o nascimento
do bebê ao irmão. “Se a criança é bem trabalhada, se os pais estabelecem
um diálogo franco, ela vai saber receber bem um irmão em qualquer
momento”, argumenta a psicóloga. Se mesmo depois de preparar a criança
para a chegada do irmão ela ainda se sentir insegura em relação ao amor dos
pais, “eles precisam deixar claro, através de atos e palavras, que cada
filho tem suas qualidades e são amados do jeito que são”, sugere Kamila.

Foi o que procurou fazer
a fisioterapeuta Adriana Peixoto Corrêa, 38 anos, quando descobriu estar
grávida de Yasmin – hoje com seis anos. Antes dela, a casa girava em torno de
Alice – na época com nove anos. “Preparamos o terreno para Alice não se sentir
rejeitada e a receptividade à chegada de Yasmin foi muito positiva, tanto que
as duas são muito amigas e Alice é extremamente protetora. Acho até, que no
fundo, Alice ficou mais feliz com o nascimento da irmã”, diz.

As vantagens

Para Adriana, uma das grandes vantagens de ter filhos com idades
espaçadas é poder acompanhar com mais atenção o crescimento de cada um.
“Posso curtir diferentes fases das duas. A diferença de idade faz com que
elas sejam praticamente duas filhas únicas”, afirma. E mais: a tarefa de
mãe pode se tornar mais simples e prazerosa já que os pais sabem como é ter
filhos e educam as crianças com mais equilíbrio e segurança. “Eles já vivenciaram
todo o crescimento do primeiro filho e isso acaba servindo como um laboratório
para o segundo”, enumera a psicóloga. Algo que Adriana concorda:
“Tudo aquilo que acho ter errado na criação de minha filha mais velha
tenho agora a chance de não repetir na criação da mais nova”.

Os especialistas garantem que não existe uma fórmula ideal sobre a chegada do segundo
filho. “A escolha do melhor momento depende da decisão dos pais. O
importante é que a criança seja desejada, mesmo que não tenha sido
planejada”, afirma Kamila. E antes de decidir pela nova gravidez, é
preciso balancear alguns fatores. “Os pais devem saber se terão disponibilidade
de tempo para a criança. Se não há tempo para cuidar do primeiro filho, nem
vale a pena ter o segundo”, reforça.