Desigualdade de gênero é menor no mercado freelance, segundo pesquisa

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  • Publicado em 28 de agosto de 2019 às 16:15
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:46
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Em negociações freelancers, 82% das mulheres disseram não terem sido questionadas sobre filhos

A
fim de levantar mais informações sobre principais diferenças profissionais
entre mulheres e homens, a
Workana,
plataforma de trabalho freelance com atuação em toda a América Latina,
desenvolveu o estudo Desigualdade de Gêneros no Mercado de Trabalho. A
pesquisa, realizada entre janeiro e fevereiro de 2019, entrevistou duas mil
pessoas, dentre elas, homens e mulheres, freelancers e empreendedores.

Uma
das constatações dessa pesquisa é a de que no mercado freelance há menos
desigualdade de gênero, em comparação ao mercado tradicional. 82% das mulheres
responderam que em uma negociação freelancer, o fato de ter filhos não foi um
ponto considerado pelo contratante, pois a maioria não leva o gênero em
consideração em suas contratações remotas. Em contrapartida, 87% das mulheres
já foram questionadas se tinham filhos em uma entrevista, contra 68% dos
homens.


em relação às áreas de atuação, ainda há bastante disparidade: o mercado com
menor presença feminina é o de tecnologia, como TI e programação, sendo somente
de 8%, em comparação com 43% dos homens. Por isso, de acordo com Guillermo
Bracciaforte, cofundador da Workana, “para as mulheres que têm interesse
em ingressar na área da tecnologia, a atividade de freelance pode ser uma
alternativa para quebrar essa barreira e trazer mais liberdade para essas
profissionais, já que o ambiente ainda é predominantemente masculino”,
analisa.

Essa
participação mínima das mulheres em tecnologia acaba refletindo na remuneração.
Pois os homens acabam ganhando mais do que as mulheres mesmo no freelancing,
por conta da pequena presença feminina em áreas mais valorizadas e com maior
ticket médio, como TI e programação. Portanto, quando se trata de rendimentos
mensais mais altos, 16% dos homens ganham acima dos R$ 4 mil, já as mulheres
são somente 8%. Segundo Bracciaforte, a atividade freelance pode ser uma boa
alternativa em relação aos rendimentos, já que o profissional é quem define o
quanto vai cobrar por cada trabalho executado. “A modalidade é uma boa maneira
do profissional se valorizar perante o mercado, pois assim, pode calcular os
valores a serem cobrados de acordo com complexidade do projeto e até mesmo seu
investimento em qualificação”, analisa.

Apesar
de menos presentes no mercado de tecnologia, as mulheres são, no geral, mais
qualificadas: 34% possuem superior completo, 17% são pós-graduadas e 5% têm
MBA, em comparação com 30%, 11% e 4% respectivamente para os homens. Por outro
lado, eles dedicaram mais horas para a sua capacitação no ano passado. Enquanto
34% das mulheres investiram mais de 100 horas, a porcentagem para os homens foi
de 45%. Já 10% das mulheres não se dedicaram à capacitação, enquanto para os
homens, foram apenas 2%.

Mesmo
com mais qualificação, ainda há dificuldades para as mulheres alcançarem cargos
de liderança: somente 40% das mulheres entrevistadas já lideraram uma equipe,
em comparação com 65% dos homens. O fato pode estar relacionado à
“síndrome do impostor”, que faz com que as pessoas não relacionem seu
sucesso à inteligência, competência ou habilidade pessoal. De acordo com um
estudo realizado pela Universidade Dominicana da Califórnia, nos Estados
Unidos, a síndrome atinge em menor ou maior grau 70% dos profissionais
bem-sucedidos, principalmente mulheres.

De
modo geral, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho tem diminuindo, mas
ainda há muito o que melhorar. Prova disso, infelizmente, é a quantidade de
mulheres que deixaram de denunciar abusos, como sexual ou de autoridade, por
medo de serem demitidas. Dentre as entrevistadas, foram 40%, e para os homens,
esse número é de apenas 15%. Com relação a assédio sexual, 23% das mulheres
admitem ter sofrido, já para os homens, cai para 3%.

A
questão de conciliação entre vida profissional e pessoal, também, é algo muito
mais relevante para as mulheres, afetando 41% das entrevistadas, enquanto os
homens nem citaram essa dificuldade. “Nesse quesito, é importante destacar
a importância da flexibilização da rotina de trabalho na evolução para a
igualdade de gênero no mercado. Enquanto ainda há obstáculos enfrentados pelos
profissionais, por outro lado é possível encontrar modalidades de trabalho e
até mesmo empresas que tenham um dia a dia mais flexível, com horários
diferenciados e home office, por exemplo”, finaliza Bracciaforte.