Depressão será a doença mais incapacitante de todo o mundo até 2020

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de outubro de 2018 às 20:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:05
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O Brasil é campeão de casos de depressão na América Latina – doença é principal causa de suicídio no mundo

O alto número de relatos
envolvendo transtornos relacionados à depressão preocupa. De acordo com dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade de casos de depressão
cresceu 18% em dez anos.

Até 2020, esta será a
doença mais incapacitante do planeta, na previsão da Organização Mundial da
Saúde. “Globalmente, apenas metade daqueles que precisam de
tratamento psiquiátrico recebem ajuda”, afirma Nadège Herdy, psiquiatra da
Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo. Quadros depressivos são as
principais causas de suicídio no mundo.

O Brasil é campeão
de casos de depressão na América Latina. Quase 6% da população, um total de
11,5 milhões de pessoas, sofrem com a doença, segundo dados da OMS. Mas Nadège
Herdy alerta para o aumento do número de registros de Transtornos de Ansiedade.
“Os mais comuns são os transtornos de ansiedade generalizada e síndrome do
pânico. Em 2015, 18,6 milhões de pessoas sofriam com transtorno de ansiedade no
Brasil”.

Se perguntarmos por
aí se as pessoas são ansiosas, a maioria dirá que sim. Porém, para ter o
diagnóstico de alguns transtornos de ansiedade não é tão simples. O DSM-V –
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – aponta 12 tipos de
patologias relacionadas à ansiedade.

No geral, alguns
sintomas merecem atenção: sentir medo ou receio, em excesso, de situações que
ainda não aconteceram, alterações do sono, tensão muscular, medo de falar em
público, medo de lugares fechados ou com grandes aglomerações, inquietações
constantes, pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.

O ideal, em casos
assim, é buscar ajuda de um psicoterapeuta. O psicólogo irá fazer uma série de
perguntas sobre seu estado físico e emocional. Na terapia, você terá a oportunidade
de falar mais sobre as situações que lhe causam ansiedade, sem julgamentos. Em
alguns casos, o psicólogo pode recomendar que você procure um psiquiatra, que
irá receitar uma medicação específica para baixar a ansiedade.

Nadège Herdy relata
que há um aumento na procura por profissionais de saúde mental, mas o
preconceito ainda é evidente. “O estigma social ainda é um dos mais
importantes e difíceis obstáculos para recuperação e reabilitação das pessoas
que sofrem de doença mental. Esses indivíduos, além de precisar lutar contra
seus sintomas que muitas vezes interferem na autonomia, independência,
qualidade de vida, precisam lutar contra o estigma”, avalia.

A resistência em
procurar ajuda em saúde mental pode ser explicada, em parte, pelo preconceito
contra as pessoas que têm transtornos. A psicofobia carrega uma herança de
séculos de discriminação contra os doentes mentais ao longo da história.
Acreditava-se que eles eram “bruxos” ou “possuídos por
demônios”.

Atualmente,
Psicologia e Psiquiatria trabalham juntas para desmistificar todas essas
questões. “O preconceito, que gera estigma, pode ser combatido com
conhecimento. Melhorar o conhecimento gera desmistificação de falsas crenças e
estereótipos, fornecendo dados reais acerca da doença e de quem sofre dela.
Afinal, as doenças mentais são tratáveis e muitos pacientes se recuperam”,
finaliza Nadège Herdy.


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