Crescimento de fertilizações in vitro em 2019 não deverá se repetir este ano

  • Entre linhas
  • Publicado em 6 de junho de 2020 às 17:07
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:49
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Um dos principais motivos é a pandemia de coronavírus; Patamar deste ano deve ser o mesmo de 2015

O número de fertilizações in vitro no Brasil
(FIV) vem crescendo nos últimos anos. 

Dados divulgados essa semana no 13°
Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), mostra que
em 2019 foram realizados 43.956 ciclos de  FIV, o que representou um
crescimento de mais de 800 ciclos em relação ao ano anterior. Porém, o
surgimento da pandemia de coronavírus deve frear esse crescimento contínuo.

Para 2020, os especialistas já preveem que a
quantidade de procedimentos de FIV caia para o mesmo patamar de 2015, quando
foram realizados cerca de 35 mil ciclos. 

Essa queda deve ser registrada pela área
de reprodução humana assistida em todo o Brasil, inclusive em Ribeirão Preto, a
segunda cidade no estado de São Paulo que mais realiza fertilizações in vitro.

“É algo natural e esperado por todas as clínicas
porque, com o surgimento do coronavírus, muitas mulheres optaram por postergar
o tratamento”, explica o médico Jorge Barreto, especialista em reprodução
humana assistida do CEFERP – Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto.

De acordo com o médico, apesar da decisão de
algumas pacientes por adiar a FIV, é importante lembrar que os tratamentos não
precisam ser necessariamente adiados por conta do coronavírus.

Mulheres com baixa reserva ovariana, por exemplo,
é um dos vários casos garantidos pela Sociedade Brasileira de Reprodução
Assistida (SBRA), que em abril divulgou uma nota confirmando que os tratamentos
poderiam ser realizados “sob juízo do profissional assistente, em decisão
compartilhada com os usuários do serviço, de forma personalizada, fundamentados
e bem documentados, com precaução e bom-senso, evitando-se transferências
embrionárias neste momento.”

O médico do CEFERP ressalta que, além das
mulheres com baixa reserva ovariana, pacientes com câncer e que desejam
congelar os óvulos ou sêmen para preservar a fertilidade estão entre os
principais grupos que podem iniciar ou dar continuidade aos tratamentos de
reprodução assistida mesmo durante o período de pandemia.  

As consultas
podem ocorrer normalmente, assim como a solicitação e realização de exames,
além da estimulação ovariana e a coleta de óvulos e/ou de sêmen.

“É importante lembrar que essas mulheres
enquadradas nestas situações específicas não podem esperar para realizar a FIV
ou a preservação da fertilidade. São casos em que temos que correr contra o
tempo e que não podem ser adiados”, comenta Barreto.

SisEmbrio

O SisEmbrio, que é produzido pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também mostra que o estado de São
Paulo foi o que mais realizou ciclos de FIV em 2019, chegando a 21.162, o que
representou 48% do total do país. 

O documento aponta também que, em 2019, foram
congelados 99.112 embriões para uso em técnicas de reprodução humana assistida,
11,6% a mais do que em 2018 (88.776). O relatório completo está disponível no
site da Anvisa.


+ Saúde