Cresce o número de crianças e adolescentes conectados só pelo celular

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de setembro de 2018 às 16:47
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:01
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Percentual de jovens entre 9 e 17 anos que acessa a rede somente pelo telefone móvel chegou em 44%

O número de crianças
e adolescentes que usa a internet apenas pelo celular cresceu. Segundo a Pesquisa
TIC Kids Online divulgada nesta terça-feira, 18 de setembro, o percentual de jovens entre 9 e
17 anos que acessa a rede somente pelo telefone móvel chegou em 44%. No
levantamento anterior, com dados de 2016, o índice era de 37%.

O estudo aponta
que 85% da população nessa faixa etária utilizou a internet ao menos uma vez em
três meses, um total de 24,7 milhões de crianças e adolescentes. Em movimento
complementar, o uso do computador como forma de acesso à rede tem caído, de 60%
na pesquisa anterior para 53% na atual.

A televisão ganhou importância, subindo de 18% para 25%. Para o gerente do Centro de Estudos
sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), Alexandre
Barbosa, essa expansão acompanha “um movimento da indústria” de oferecer novos
produtos. “O surgimento das televisões inteligentes que já vêm com um conjunto
de aplicativos”, ressaltou.

O acesso pela internet somente pelo telefone móvel é maior nas classes de
renda mais baixa, D e E, nas quais houve um aumento de 61% no estudo anterior
para 67%. Na classe C, esse uso exclusivo é de 43% e nas classes A e B, de
apenas 15%. Esse tipo de acesso também é maior no Norte (59%) e menor no
Sudeste (39%).

Segundo o pesquisador do Cetic, Fábio Senne, o uso da rede apenas
pelo celular está ligado à falta de infraestrutura de conexão e a dificuldades
econômicas das famílias. “Há fatores que têm a ver não só com a conectividade,
mas também com questões de renda e nível sociodemográfico que explicam a opção
pelo celular. Nos dá a entender que especialmente nas faixas de maior renda da
população a opção é sempre pelo uso de celular e outros dispositivos”,
explicou.

Barbosa enfatizou que o acesso feito unicamente por dispositivos móveis tem
limitações. “O uso exclusivo pelo celular traz algumas limitações no que diz
respeito ao desenvolvimento de novas habilidades digitais”.

Notícias e política

Pouco mais da metade dos jovens (51%) disse que lê notícias
on-line. O índice é menor do que os que usam a internet para trabalhos
escolares (76%). Porém o percentual é maior entre os adolescentes de 15 a 17
anos, chegando a 67%. Nessa faixa etária também é maior o número de jovens que
fala sobre política (23%), enquanto no público geral é de 12%. “O país tem
vivido nos últimos anos uma exposição a esse tema da vida política”, destacou
Barbosa sobre os números.

Em 12 meses, 39% das crianças e adolescentes
disseram ter visto alguém ser discriminado na internet. O percentual
chega a 54% na faixa de 15 a 17 anos. O preconceito por cor ou raça é o mais
relatado (26%), seguido pelo de aparência física (16%) e pelo da opção sexual (14%).

Para elaboração do estudo, foram entrevistadas 3,1 mil jovens e
3,1 mil responsáveis entre novembro de 2017 e maio de 2018.


+ Comportamento