Convivência com pet cria semelhanças entre tutor e animal de estimação

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  • Publicado em 5 de março de 2018 às 09:02
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:36
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Identificação emocional com os tutores pode chegar ao ponto de ambos adquirirem a mesma doença

Já escutou a frase que diz que “os que dormem no mesmo colchão terminam na mesma condição”? Pois ela é certa também no caso dos animais de estimação, embora estes nem sempre durmam na cama com seus donos – bom, em muitas casas, sim, eles dormem.

O fato é que a convivência faz com que os animais desenvolvam semelhanças com seus donos. “Nossos animais de estimação têm uma capacidade de adaptação incrível e por isso se contagiam de nossos hábitos. Sem contar que, de maneira instintiva escolhemos animais com características compatíveis com as nossas e, por isso, ao lado de uma pessoa nervosa, costuma haver um cachorro agitado, ou ao contrário, um cão tranquilo convive com um dono calmo”, explica Cilene Castro, psicóloga especializada em terapias com animais.

Mas essa decisão inicial não é o único motivo pelo qual pessoas e cães são parecidos. Também pesa a capacidade de imitação do animal de estimação. “A adaptação ao ambiente é a chave para a sobrevivência de um animal; e os que dependem dos indivíduos para satisfazer suas necessidades – alimento, abrigo e carinho – e vivem em grupo, exploram a fundo suas habilidades instintivas e sociais para sentir empatia e agradar seus donos”, completa.

A psicóloga diz que, na realidade, pessoas e animais são muito semelhantes. E esse mimetismo produzido entre cachorros e seres humanos que convivem é comparável ao que acontece com os casais, que acabam por se tornar parecidos no caráter e forma de atuar. Pesquisa realizada pela Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, indica que os cachorros imitam as atitudes de seus donos e guardam as informações para repetições futuras.

Para a dona de casa Marlene Pinto Barmadio, 57 anos, isso está mais que comprovado. Dona de Floquinho, cinco anos, ela diz que ele é muito dócil e tranquilo. “Ele se parece comigo. E como não gosto que lata, é raro vê-lo fazendo isso. Além disso, também não briga com outros cachorros, pois como eu, evita o conflito”, diz.

Gatos, exceção

Para Cilene, é comum animais apresentarem comportamentos ou doenças semelhantes aos de seus tutores, fenômeno explicado por meio do que ela chama de campos morfológicos. “A compreensão da relação entre homem e animal é essencial para que possamos entender como as pessoas influenciam nas doenças dos animais, minimizando-as ou potencializando-as. Muitas vezes, há muito sofrimento por causa da falta de entendimento de que a questão não está exclusivamente no animal”, salienta a especialista.

Diferente dos cachorros, os gatos são independentes e, apesar de compartilharem o mesmo teto com os humanos, não precisam do grupo para sobreviver em liberdade. Essa independência também tem a ver com a personalidade. “Embora cada gato tenha sua própria personalidade e sempre possa haver exceções, em geral, é um animal individualista que não tem a capacidade de imitação e empatia com seus donos tão desenvolvida como os cachorros, o que não impede que tenha apego a eles, goste deles e seja carinhoso”, afirma a psicóloga.