Como sobreviver às festas da família no final do ano: dicas para boas conversas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 10:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:11
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5 dicas para ter conversas melhores com a família na confraternização de final de ano e, porque não, na vida.

O final de ano é a época mais maravilhosa do ano — se você se dá bem com a sua família. Mas será que essa é a realidade para a maioria das pessoas? 

Em algumas situações, as festas de fim de ano são gatilhos de ansiedade para quem não tem o privilégio de ter um ambiente saudável com os seus familiares.

Seja por conta das perguntas sobre a sua vida pessoal ou até mesmo por divergências políticas, as reuniões familiares podem se tornar uma bomba-relógio quando o assunto é tenso. Mas não precisa ser assim. 

E foi justamente pensando em como ter um final de ano mais leve que selecionamos algumas dicas para você ter em mente antes das reuniões familiares.

Como ter conversas melhores

Para o publicitário André Freire, especialista da Inesplorato, uma plataforma de curadoria de conhecimento, nós não estamos perdendo a nossa capacidade de dialogar, porém, estamos nos acostumando com a forma de diálogo que as ferramentas digitais oferecem. 

Por isso, muitas vezes, diminuímos a nossa sensibilidade de como começar uma boa conversa pessoalmente, cara a cara.

Estar aberto para conhecer as pessoas é fundamental. Normalmente as pessoas já vão com uma ideia pré-concebida. Mas como se abrir para coisas diferentes? Que tal experimentar falar um pouco da sua vida? 

“A gente se esquece que as pessoas são múltiplas. A gente olha para as pessoas como se elas fossem uma coisa só”, compartilha.

Neste ano, a Inesplorato realizou o estudo Diálogo – conexão que atravessa bolhas, em parceria com a Plataforma Gente, que é um hub da Globosat, para avaliar a qualidade da comunicação nos relacionamentos humanos contemporâneos.

De acordo com a pesquisa, o diálogo é uma ferramenta essencial de reconexão. Mas como promover a conversa honesta, real e profunda? Pode parecer fácil, mas não é. 

E é por isso que Freire acredita muito na ideia de simetria. Para o especialista, a primeira coisa para se ter em mente quando pensamos em dialogar com alguém é realmente estar aberto para aquela outra pessoa. 

Se o conceito de igualdade permeia os ideais de justiça em uma sociedade, quando falamos em diálogo, a simetria representa um aspecto fundamental. Sem ela, o diálogo não acontece. Seja qual for o vínculo – afetivo, social ou profissional –, a troca verdadeira só é possível entre iguais. 

“Pense em uma gangorra: se um lado estiver em cima e o outro embaixo, os interlocutores enxergam, falam e escutam sob perspectivas desiguais”, diz o relatório.

Mariana Novaes, gerente de marketing corporativo da Globosat e uma das responsáveis pelo estudo, adiciona outro ponto importante nessa reflexão: o lugar de escuta.

“A gente tem falado muito sobre o lugar de fala e pouco do lugar de escuta. E o diálogo só acontece de fato com a inclusão do outro por inteiro. Perceber as diferenças, se conectar, ouvir o que o outro tem a dizer. Temos que bater na tecla da necessidade da escuta”, afirma.

Dá para falar sobre política?

Em tempos de polarização, falar sobre política se torna ao mesmo tempo algo inevitável, mas bastante temido. 

E mesmo quando as pessoas parecem não concordar em relação às suas preferências eleitorais, pode haver mais coisas entre elas que as unem do que distanciam.

Partindo dessa ideia, a plataforma Politize! criou o Despolarize, um guia prático para conversas difíceis. 

“Quando a gente conversa sobre política, a gente não está falando só sobre política, estamos falando sobre nossos valores, nossa visão de mundo, nossas esperanças. E é por isso que é tão complicado falar sobre esse tema, porque a gente se coloca em um espaço vulnerável e que expressa a nossa identidade”, explica a coordenadora do Despolarize, Mariana Fernandes.

Para Fernandes, reagimos mal quando nos sentimos atacados porque temos a sensação de que a nossa opinião, a nossa visão de mundo, está sendo menosprezada.

“A gente acredita que existem opiniões e comportamentos que podem, sim, ser ofensivos e causar um mal-estar que seja ruim para algumas pessoas. Então é importante, sim, respeitar alguns limites”, ensina.

Então se você se sentir mal em alguma conversa, é preciso respeitar o que você está sentindo, expressar para a outra pessoa e, eventualmente, até terminar aquela conversa. 

5 dicas para ter conversas melhores 

1. Prepare-se para a conversa. Leve em consideração quem é aquela outra pessoa, o seu gênero, a sua idade, os seus limites e até mesmo as diferenças geracionais. Esteja aberto.

2. Faça o convite. Convide o seu familiar para ter uma conversa sincera e que não seja violenta. Mas não faça isso de uma maneira que pareça moralmente superior; lembre-se da ideia de simetria.  

3. Construa acordos. Às vezes, funciona definir tempos de fala para cada um. Ou talvez seja melhor deixar isso mais aberto. Tenha em mente que a conversa precisa ser um ambiente de confiança e não de punição ou julgamentos. É preciso criar um espaço para reconhecer e aprender com nossos erros. Isso faz parte de um diálogo.

4. Evite perguntas de “sim” ou “não” e mantenha uma escuta ativa. Você só ganha com essa postura. Não é uma competição sobre quem tem mais argumentos, mas sim uma experiência de conexão e compreensão.

5. Saiba reconhecer os seus limites e quando é melhor encerrar um diálogo que se torna ofensivo aos seus valores. Não tenha medo de deixar isso claro. 


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