Comércio paulista deve perder R$ 15 bilhões em faturamento em abril

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de abril de 2020 às 16:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:35
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Com quarentena maior e sem pessoas fazendo compras, o comércio vai ter o menor faturamento em muitos anos

O comércio do
estado de São Paulo estima uma perda de 45% do faturamento previsto para o mês
de abril, com a prorrogação da quarentena em São Paulo, mas apoia a medida e
recomenda a todos os associados que mantenham as portas fechadas.

Dos R$ 35 bilhões previstos em faturamento apenas no comércio para um mês de abril, a estimativa
da federação é que 45% desse valor se perca entre lojas fechadas e consumo
menor. O cálculo não considera o setor de serviços.

O comércio emprega cerca de 1,3 milhão de pessoas. Há risco de demissões e
muitos já começaram, mas as representações do setor dizem que o esforço é pela
manutenção das vagas.

A FecomercioSP, federação que representa o segmento, defende que a
continuidade no isolamento exige que os governos estaduais e federal sejam mais
rápidos e definam medidas mais profundas de socorro às empresas.

O vice-presidente da FecomercioSP , Ivo Dall’Acqua, faz elogios aos
anúncios mais recentes, como as medidas provisórias que permitiram a suspensão
de contratos e a redução de salário e jornada, além da flexibilização na
concessão de férias e feriados.

“Temos que ser parceiros, mas precisamos de celeridade. A regra do
pagamento dos informais demorou muito para ser publicada”, afirma.

Os R$ 650 milhões liberados pelo governo de São Paulo, por
meio do Banco do Povo e da Desenvolve SP, para capital de giro e investimento
de empresas com faturamento de até R$ 300 milhões ao ano, é considerado
irrisório.

“Esse valor equivale a meio dia de faturamento no comércio.
Precisamos de medidas mais drásticas para injeção de liquidez”, diz.

O dirigente da FecomercioSP afirma que as medidas de crédito anunciadas
pelo governo federal ainda não chegam às empresas.

“Você não consegue
capital de giro a menos de 15% ao mês hoje”, diz. Para ele, é necessário
que os bancos públicos atuem de maneira agressiva na concessão de crédito.

Dall’Acqua diz que os governos também precisam começar a definir um
plano que já contemple uma retomada, ainda que lenta e progressiva, das
atividades comerciais.

“Estamos subindo um pouco o tom justamente porque estamos vendo
mais ações no sentido de se reparar os problemas e menos no sentido de se
prever a retomada”, afirma.

Parte das demandas apresentadas pelo setor já foi atendida, como o
adiamento no pagamento do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços) para empresas do Simples Nacional. 

Para a FecomercioSP, é necessário
prorrogar a medida por seis meses e estender o benefício a outros tipos de
enquadramento.

Outras propostas, como a liberação do FGTS também são apontadas como
importantes para dar capacidade de consumo às famílias. 

“No momento, todo
mundo consome alimentos e produto de limpeza. Há muita dúvida se haverá emprego
e como é que as coisas vão ficar”, diz Dall’Acqua.


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