Comer demais danifica o cérebro, de acordo com um novo estudo brasileiro

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 20:32
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:06
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Estudo mostra que a obesidade pode danificar regiões importantes do cérebro, levando a danos cerebrais.

Quando se trata de comer demais, muitos de nós nos preocupamos com o ganho de peso. 

Mas um número maior na balança não é o único efeito colateral de comer demais. Um novo estudo mostra que a obesidade pode danificar regiões importantes do cérebro, levando a danos cerebrais.

A pesquisa, que será apresentada na próxima reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), utilizou uma técnica chamada imagem tensorial de difusão (DTI) para comparar o cérebro de 59 adolescentes obesos com 61 adolescentes saudáveis. 

O DTI é um novo tipo de tecnologia de ressonância magnética que rastreia a difusão da água ao longo da substância branca do cérebro, que é a matéria rica em fibras nervosas encontrada nos tecidos mais profundos do cérebro.

Da Universidade de São Paulo, no Brasil, os pesquisadores derivaram uma medida chamada anisotropia fracionada (FA) dos resultados, que se correlaciona com a condição da substância branca no cérebro de cada participante. Quanto menor a FA, mais danos ocorreram na substância branca.

Quando compararam os valores de AF de todos os participantes, os resultados mostraram valores mais baixos de FA em obesos, principalmente no corpo caloso, uma parte do cérebro que conecta os hemisférios esquerdo e direito e o giro oribitofrontal, responsável por controle emocional e o circuito de recompensa.

Então, o que esse dano no cérebro significa na prática? Como coautora do estudo, Pamela Bertolazzi, explicou: “Alterações cerebrais encontradas em adolescentes obesos relacionadas a regiões importantes, que são responsáveis ​​pelo controle do apetite, emoções e funções cognitivas”.

O tipo de dano observado foi semelhante ao causado por marcadores inflamatórios como leptina (um hormônio que regula a fome e a gordura) e aumento do açúcar no sangue e da resistência à insulina, que são fatores marcantes no diabetes.

“Nossos mapas mostraram uma correlação positiva entre alterações cerebrais e hormônios como leptina e insulina”, disse Bertolazzi, que também apontou que a inflamação é o fator de conexão em todos esses problemas de saúde relacionados à obesidade. 

Em outras palavras, a obesidade causa inflamação, o que leva a danos cerebrais, além de problemas de açúcar no sangue, resistência à insulina e resistência à leptina.

Em seguida, a equipe de Bertolazzi planeja investigar se esse dano cerebral relacionado à obesidade é reversível ou não através de mudanças na dieta e no estilo de vida que promovem a perda de peso.

Até então, manter um peso saudável e evitar comer demais é a melhor maneira de proteger seu cérebro contra esse tipo de dano. 

Lembre-se: dietas da moda e contar calorias não são a resposta. Em vez disso, recorra a uma das maneiras mais saudáveis de perder peso, de acordo com os principais nutricionistas.


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