Distribuidoras querem aumentar preço do etanol por baixa nos estoques

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 23:33
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:23
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Segundo sindicato, consumidor deve pagar até R$ 0,25 a mais pelo litro de etanol em Franca e na região

Após uma entressafra atípica,
com queda de 7,7% no etanol em todo o Estado de São Paulo, os consumidores
devem sentir uma alta de até R$ 0,25 no litro pelos próximos dias, segundo o
Sindicato Brasileiro de Distribuidoras de Combustíveis.

A justificativa dada pela entidade é que a queda nos
estoques ocasionada pela alta procura pelo combustível mais barato elevou a
cotação nas usinas.

A expectativa é de que o motorista pague mais caro pelo
menos até o início da safra, quando a produção deve normalizar a
disponibilidade do produto e equalizar os preços novamente.

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro do etanol nos postos atualmente tem
saído em média a R$ 2,55. Com a projeção de alta, o produto deve ficar acima
dos R$ 2,80. “A produção foi tão grande de álcool na nossa região e no
Estado, que é o grande responsável pelo álcool do Brasil, que estamos chegando
no fim da entressafra e as usinas ainda têm álcool estocado para manter o
mercado no preço em que está. O que acontece é que, já no final da entressafra,
os estoques das usinas começaram a baixar, apesar de estarem muito grandes e,
nesse momento, as usinas começaram a puxar o preço para cima, como fazem em
todo final de entressafra”, afirma Flávio Jandoso Navarro, diretor de
assuntos governamentais do sindicato.

Desmotivado pela baixa rentabilidade
do açúcar no mercado internacional, o setor sucroenergético elevou o mix de
etanol na safra 2018/2019, com uma produção 43,3% maior até o final de janeiro
deste ano, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), e no maior
patamar dos últimos 11 anos.

Diretor de uma usina na região de Ribeirão Preto – um
dos principais polos produtores do país -, Antônio Eduardo Tonielo Filho
confirma que, na última safra, produziu 32% de combustível hidratado a mais em
relação ao período anterior, o que desencadeou no preço reduzido nas bombas na
entressafra, quando a gasolina estava mais cara devido à alta do barril de
petróleo.

“Na entressafra, quando muitos grupos apostaram que
iria subir, os produtores estocaram bastante. Hoje estamos com 61% a mais de
estoque em relação às últimas quatro safras, mas o preço entrou na entressafra
caindo. Janeiro teve queda o mês inteiro. Em fevereiro ele teve, praticamente,
chegou a R$ 1,58 para o produtor, 13% mais baixo que no ano passado”, diz.

Para
esta semana, no entanto, o etanol já ficou ao menos 7% mais caro, segundo ele.
“Isso pode refletir para o consumidor porque é toda uma cadeia: nós,
produtores, a distribuidora, o posto de combustível, cada um tem impostos. É
uma cascata de impostos e isso pode refletir, sim, para o consumidor, até mais
de 7%.”


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