Casal de aposentados se isola em sítio em Patrocínio Paulista com 14 filhos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de maio de 2020 às 12:29
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:44
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Família se mudou para casa emprestada para se prevenir do coronavírus e estão em isolamento há 3 meses

Com os 14 filhos adotivos, o casal de aposentados Conceição e Luiz Carlos Ferreira, de Patrocínio Paulista, decidiu fazer as malas e se mudar por tempo indeterminado para um sítio emprestado, na tentativa de escapar do novo coronavírus

O isolamento já dura três meses.

“Muda muita coisa, porque na cidade você corre para um lado, para o outro. Aqui não saímos para nada. É o dia inteiro com os meninos em volta, porque não tem escola, não tem nada”, diz Conceição, preocupada com os filhos.

Afastadas do centro da cidade, as crianças jogam bola, brincam com jogos de tabuleiros, cantam e dançam para tentar fazer o tempo acelerar o relógio. Todos de máscara, cada um com seu próprio copo, como orienta o pai, que preza pela saúde da família.

“A preocupação é muita, porque a idade da gente já é grupo de risco. Mas a gente vê na televisão que não está dando só em pessoas de idade. Jovens estão pegando muito essa doença”, diz Luiz. “Até agora não existe remédio, então higiene é o principal”.

O casal, que já chegou a adotar 70 crianças, há 40 anos doa tempo, carinho e atenção a quem sempre sonhou em ter uma família. 

Conceição e o marido vivem de doações, visto que a aposentadoria não é suficiente. O problema é que, com a crise provocada pela Covid-19, a ajuda diminuiu.

“A chácara não é uma instituição. É uma família grande, então a gente depende da doação”, diz o lavrador Luiz Carlos Ferreira Júnior, um dos filhos mais velhos do casal.

Apesar das dificuldades, a família não perde a esperança de dias melhores. 

A pequena Maria Vitória Ferreira, de 11 anos, reza e sonha com o momento em que escutará a notícia de que a pandemia acabou.

“Tenho medo de pegar. Essa doença está estragando muito o mundo. Tem muita gente morrendo. Quero que passe rápido essa doença, para eu poder dar abraços na minha família”, diz.


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