Brodoswski assina acordo com cidade na Itália onde nasceu o pai de Portinari

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de outubro de 2019 às 22:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:57
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Tratado prevê cooperação cultural e técnica entre cidade onde pintor nasceu e a terra natal do pai dele

Portinari pintando Guerra e Paz, em 1955

A Prefeitura de Brodowski e a comuna italiana de Chiampo, na região do Vêneto, assinaram no último domingo, 27 de outubro, um pacto de cidades-irmãs, um acordo de cooperação cultural e técnica. A cerimônia ocorreu no Museu Casa de Portinari.

Torre da cidade de Chiampo, na Itália

Os dois municípios são ligados pela vida de um dos maiores pintores do século 20. Brodowski é a terra natal do autor de “Guerra e Paz”, Candido Portinari (1903-1962). Chiampo, na província de Vicenza, é onde nasceu o pai dele, Giovan Batista Portinari.

Prefeito da cidade italiana, Matteo Macilotti participou da assinatura do pacto. Ele afirmou que é uma grande honra celebrar o acordo com o lugar que deu luz ao grande artista brasileiro. “Considero Candido Portinari também um filho de minha terra, haja vista a origem do pai dele, que de Chiampo partiu para construir um futuro melhor. Estou certo de que este acordo teria enchido o coração de Candido Portinari de alegria”, disse.

O professor e escritor João Candido Portinari, filho do artista e diretor geral do Projeto Portinari, também participou da cerimônia. Além disso, o museu, que foi a casa do pintor, preparou apresentações artísticas, feira de artesanato, oficinas de arte e outras atividades.

João Candido Portinari, filho único de Portinari

A programação incluiu ainda uma visita à igreja matriz de Batatais, onde estão 28 obras do maior acervo sacro do pintor, e o lançamento do livro “Poemas de Portinari”, recentemente publicado pela Funarte e pelo Projeto Portinari, do Rio de Janeiro.

O pacto, em italiano chamado de gemellaggio, ou geminação, tem como objetivo ampliar não só o estreitamento das relações de amizade, oportunidades de negócios e políticas públicas, mas também uma série de cooperações em torno da vida e da obra de Portinari.

Segundo o prefeito de Brodowski, José Luiz Perez (PSDB), o acordo vem sendo discutido há cerca de um ano. “Existe essa proximidade entre Chiampo e Brodowski. Vai haver uma troca. É importante a gente trocar, trazer tecnologia da Itália para Brodowski. A cidade a ganha muito”, disse.

Por outro lado, o prefeito de Chiampo afirmou que o acordo também é uma espécie de retribuição ao acolhimento dado aos italianos que chegaram ao Brasil, a partir do final do século 19.

“Poderei agradecer e honrar a terra e a pátria que acolheram nossos migrantes, oferecendo a eles uma nova oportunidade de vida. Por fim, porque considero os habitantes de Brodowski nossos irmãos que a história dividiu, mas que chegou o tempo de se reunir em uma grande família”, disse Macilotti.

Chiampo: a cidade-irmã

Em Chiampo, as origens italianas de Portinari estão evidentes nas ruas e nos sobrenomes de parte dos moradores. Décadas após a família dele ter imigrado ao Brasil, a partir de onde fez história e ganhou notoriedade, o legado do artista plástico hoje é motivo de orgulho.

O povoado no norte da Itália é a terra de origem do pai de Candido Portinari, Giovan Battista Portinari, que em 1896 partiu para o Brasil com a mulher, Domenica Torquato, de Bassano Del Grapa, em busca de melhores oportunidades, assim como milhares de imigrantes.

A ligação familiar do pintor de Brodowski com Chiampo é representada em detalhes, como a placa que identifica a casa de Giovan, pai de “um dos maiores pintores da América Latina”, como menciona a inscrição na cidade italiana.

Essa herança deixada pelo brasileiro também é reforçada há dez anos pelo Instituto Alessandro Faeda nas aulas de artes. O mesmo instituto onde as obras fazem parte do programa de artes também já dedicou a produção de uma revista em homenagem a Portinari.


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