Brasileiro se alimenta melhor, mas prioriza preço baixo, diz pesquisa

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de maio de 2018 às 03:08
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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Pesquisa inédita da Fiesp aponta mudanças de hábito no consumo alimentar nos últimos sete anos

Uma pesquisa divulgada pelo
Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (Fiesp) mostrou resultados inéditos sobre a mudança nos hábitos de
consumo alimentar dos brasileiros nos últimos sete anos.

Se em 2010 a preferência era por
alimentos nutritivos, ou seja, enriquecidos com vitaminas — em detrimento dos
mais baratos — a partir de 2017 a realidade foi invertida: preço baixo
tornou-se primordial. O motivo? A crise econômica do país. “A alimentação
também sofreu impacto, mas na crise, o consumidor evita o custo do erro e ainda
topa pagar um pouco mais por produtos básicos, como arroz, feijão e café, de
marcas consideradas já confiáveis”, ressalta Antônio Carlos Costa, gerente do
Departamento do Agronegócio da Fiesp.

Das pessoas ouvidas, 71% disseram
não se importar de pagar mais pelas marcas em que confiam, enquanto em 2010
eram 66%.

De acordo com dados do levantamento,
o processo de racionalização do consumo atingiu 70% dos entrevistados, que
admitiram ter mudado ao menos algum de seus hábitos de compras e consumo de
alimentos em função da crise. A busca por alimentos com desconto ou em promoção
se intensificou, passando de 43% em 2010 para 50% em 2017.

Cozinha
de casa 

Outro fator levado em conta foi a redução de custos de se comer forma. O
número de pessoas que disseram não ter tempo para cozinhar diminuiu de 46% em 2010, para para
38%. “Com a vida que levo, não tenho tempo para cozinhar em
casa”, foi a resposta de 46% dos entrevistados em 2010, e de 38% em 2017. Já a
afirmação “prefiro comprar alimentos semiprontos para não perder muito tempo
cozinhando” atingiu 42% dos entrevistados no primeiro levantamento, contra
apenas 28% em 2017.
A
participação dos homens na cozinha também teve um aumento de 17%,
em relação aos dados da primeira pesquisa.

Fonte
de informação

A pesquisa também revelou a mudança na fonte usada como busca de
informações sobre alimentação e saúde. Em 2010, 40% dos entrevistados se
informava pela televisão, 19% buscavam a internet e 20% consultavam médicos ou
nutricionistas. Sete anos depois, a internet se tornou a principal fonte de
informações:
40% dos entrevistados optam pela rede mundial de dados na hora
de se informar. “Uma inversão total. Se na televisão havia três programas sobre
culinária, na internet, hoje, há influenciadores falando desde diversas opções
de ingredientes, até as mais variadas receitas, e são seguidos por milhões de
pessoas”, ressalta Antônio Carlos.

A busca por televisão caiu para
24% e médicos e nutricionistas responderam por apenas 18%.

Alimentação saudável
Dados da pesquisa também apontaram que de 10 brasileiros, 8 afirmam
optar por alimentação mais saudável. Apesar da constatação, a
pesquisa verificou contradições: na hora de escolher entre um alimento mais
saudável e outro com melhor sabor, 61% admitiram preferir aqueles mais
saborosos. “Existe mais consciência sobre alimentos que fazem bem, mas, na
prática, não acontece exatamente o que falamos”, reafirma Antônio Carlos. 

Sobre a percepção de “ter comido
demais”, houve aumento nos últimos sete anos, passando de 52% em 2010 para 56%
no ano passado. Mas o índice de brasileiros que consideram a comida
saudável sem gosto caiu, passando de de 54% em 2010, para 52% em 2017.

Intitulado “A
Mesa dos Brasileiros: transformações, confirmações e contradições“,
o levantamento foi realizado com 3 mil pessoas acima de 16 anos, ouvidas em 12
regiões metropolitanas de todo o Brasil.  A margem de erro é de 1.8 pontos
percentuais.


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