Brasil é país que mais se preocupa com notícias falsas, diz estudo global

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de junho de 2018 às 20:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:48
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Na avaliação dos entrevistados, os veículos tradicionais de mídia deviam adotar medidas contra fake news

O Brasil aparece
como o país mais preocupado com as chamadas “notícias falsas” (fake news)
em um estudo global que analisou a realidade de 37 nações.

Dos entrevistados
brasileiros, 85% manifestaram preocupação com a veracidade e a possibilidade de
manipulação nas notícias lidas. A lista é seguida por Portugal (71%),
Espanha (69%), Chile (66%) e Grécia (66%). Na opinião dos autores, a
polarização política nesses países provocada por eleições, referendos e outros
grandes processos de disputa na sociedade podem ter favorecido
essa percepção.

Já os menos preocupados com a possibilidade de uma notícia não
ser verdadeira ou contar algum tipo de desinformação são Holanda (30%), Dinamarca
(36%), Suécia (36%), Alemanha (37%) e Áustria (38%). Os autores destacaram na
análise que, diferentemente dos Estados Unidos, a Alemanha passou recentemente
por eleições em que a disseminação de notícias falsas não apareceu como um
problema grave.

Quando tomada a amostra de forma conjunta, a média geral das
pessoas consultadas pelo levantamento preocupadas com a veracidade das
informações lidas na Internet ficou em 54%.

O Relatório sobre Notícias Digitais do Instituto Reuters,
uma das mais importantes pesquisas do mundo sobre o tema, foi divulgado
nesta semana. O levantamento fez entrevistas para identificar hábitos de
consumo da população em relação a veículos de mídia e produtos
jornalísticos.

Percepção

Os autores da pesquisa apontam uma percepção maior do que a
realidade vivida pelas pessoas. Do total dos entrevistados, 58% disseram estar
preocupados com notícias “fabricadas” mas apenas 26% conseguiram identificar
casos concretos. Essa diferenciação, entretanto, não foi feita por país, não
permitindo identificar se essa disparidade ocorre nas nações onde a preocupação
foi maior, como no Brasil. “Quando olhamos para os resultados do nosso estudo,
descobrimos que quando consumidores falam sobre ´fake news´ eles estão
preocupados também com mau jornalismo, práticas de caça de cliques e
enviesamento”, argumentam os autores da pesquisa.

Providências

Mesmo assim, as pessoas consultadas colocaram a necessidade de
providências sobre o assunto. Na avaliação dos entrevistados, os principais
responsáveis por adotar medidas de combate às chamadas notícias falsas deveriam
ser os veículos tradicionais de mídia (75%) e as plataformas digitais (71%).

Na compreensão dos autores, essa percepção estaria relacionada
ao fato de muitas reclamações com foco na veracidade ou manipulação estarem
relacionadas a mídias tradicionais, e não a conteúdos fabricados por sites
desconhecidos.

A adoção de alguma regulação pelo Estado para atacar o problema
ganhou aceitação sobretudo entre asiáticos (63%) e europeus (60%). Na Europa, a
regulação do tema tem ganhado espaço. No último ano, a Alemanha aprovou uma lei
que passa a responsabilidade pela fiscalização de conteúdos falsos e ilegais às
plataformas. No Brasil, já há diversos projetos de lei tramitando no Congresso
visando estabelecer regras sobre o tema. 


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