Bolsas: Parceria da Unesp oferece chance de diploma europeu em 25 cursos

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  • Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 21:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:21
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Graduandos interessados em estudar na França podem se inscrever para a seleção até o dia 28 de fevereiro

​Acordo entre a Unesp e instituições de ensino superior da França permite que estudantes de 25 cursos de tecnologia e de agricultura da Universidade possam cursar, durante dois anos, uma universidade francesa e, ao retornarem ao Brasil para concluir os estudos, tenham o diploma validado nos dois países.

As bolsas para o intercâmbio são concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) por meio de dois programas (veja mais detalhes no vídeo acima).

O BRAFITEC – Brasil France Ingénieur TEChnologie – é direcionado ao cursos de Ciência da Computação, Engenharia Aeronáutica, Engenharia Ambiental, Engenharia Biotecnológica, Engenharia Cartográfica, Engenharia Civil, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologica, Engenharia de Biossistemas, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Energia, Engenharia de Materiais, Engenharia de Pesca, Engenharia de Produção, Engenharia de Telecomunições, Engenharia Elétrica, Engenharia Industrial Madeireira, Engenharia Mecânica, Engenharia Química e Sistemas de Informação da Unesp.

Foi o BRAFITEC que permitiu Gabriel Mantovani; no último semestre de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Unesp, em Ilha Solteira, a graduar-se em Engenharia de Performace Automotiva na Escola Nacional de Engenheiros, em Metz, França (Ingénieur Performace Automobile -École Nationale D’Ingénieurs de Metz – ENIM).

renato-1.jpg“O BRAFITEC é um programa que permite que os alunos da Universidade, aqueles da área tecnológica, possam conseguir o duplo diploma na França. Ou seja, o aluno fica três anos, ou dois anos e meio, inicialmente em uma unidade da Unesp, e depois de aprovado no concurso, com o financiamento da Capes, faz mais dois anos na França. Volta para o Brasil no último semestre e termina o curso. Acaba obtendo o diploma tanto na França quanto no Brasil”, explica o assessor da Assessoria de Relações Exteriores da Unesp (Arex), professor Renato de Toledo Leonardi.

Na 53ª Cerimônia de Diplomação dos Engenheiros da ENIM, Gabriel foi surpreendido com a mensagem em vídeo da família que não pôde ir à solenidade. “Gostaríamos de agradecer à ENIM e à Unesp por esse convite e oportunidade. Estamos muito orgulhosos de você [Gabriel] e sabemos de todo seu esforço diante de todos os obstáculos que você enfrentou e venceu! Parabéns! Te amamos! Beijo”, anunciaram os familiares do mais novo engenheiro brasileiro formado na ENIM.

“Eu fui pego de surpresa. Meus pais e minha irmã falaram, depois meu avô e minha avó, realmente não estava esperando. Depois veio minha namorada, já sabia que falaria, depois que visse minha família. Eu sabia que ela estava lá, me apoiando também. Foi muito legal”, afirma Mantovani.

dp_0055.jpgEle destacou ainda que uma graduação sanduíche é muito difícil quantificar o quanto essa experiência é enriquecedora para uma pessoa. “Nós somos expostos a muitas dificuldades, a muitas experiências novas, a uma nova cultura e conseguimos graduar-se em outro país. Em seis anos, obtive dois diplomas, um internacional que é válido em toda a Europa, e outro no Brasil inteiro. Foi muito bom para mim em um curto período de tempo ter dois diplomas”, diz o estudante, que tem mais um semestre pela frente na Unesp.

“A França oferece educação gratuita para alunos do mundo todo, que têm competência e capacidade de falar francês, de ter um currículo que permita que ingressem nas universidades francesas e formem-se, da mesma forma que um nativo francês. É por isso que a França é um grande parceiro neste quesito específico do BRAFITEC e do BRAFAGRI. É o parceiro que nós temos mais importante em termos de mobilidade para alunos de graduação, na obtenção de duplo diploma”, esclarece Leonardi.

Júlia Correa é aluna de Engenharia Elétrica na Faculdade de Engenharia da Unesp, em Guaratinguetá, e embarcou em 2018 para Grenoble, França, onde irá graduar-se em Engenharia de Computadores e Eletrônica de Sistemas Embarcados na Escola Politécnica de Grenoble Alpes (Informatique et Électronique de Systèmes Embarques – École Polytechnique de L’Université Grenoble Alpes).julia-brafitec.jpg

“Logo que cheguei à França foi um pouco complicado, principalmente por causa da língua. É muito diferente você ter estudado o idioma no Brasil, por exemplo, e você chegar aqui. Você se vê completamente imerso na cultura, tendo que usar no dia a dia a língua. Os professores da faculdade e todo o pessoal que nos recepciona aqui são bem preparados. Eles tentam entender o que estamos falando, os nossos questionamentos. Tirar todas nossas dúvidas. Os professores, principalmente. Eles sabem da dificuldade de você estudar fora, em um país que não fala a mesma língua que a sua”, afirma Júlia Correa.

“O aluno unespiano, quando volta ao Brasil, traz consigo toda essa experiência que adquiriu nesses dois anos que passou no país estrangeiro. 

marcelo-1.jpg Ele traz todauma experiência pessoal, da cultura, da língua, e traz ainda toda a experiência técnica da vivência dele na universidade e em um estágio realizado na França. Isso acaba trazendo informações importantes, que nos últimos seis meses pode agregar muita coisa à sua formação”, comenta o assessor da Arex, professor Marcelo Pereira.

“O crescimento profissional e pessoal é gigantesco. Pessoal porque nos vemos obrigados a cuidar de todas as nossas coisas aqui na França. Temos que correr atrás de abrir conta em um banco, resolver as coisas da faculdade e tudo isso falando um outro idioma e dependendo só de nós mesmos. O crescimento profissional também é gigantesco, uma vez que aqui conseguimos ver diferentes carreiras que, às vezes, não temos a possibilidade de ver no Brasil. O Brasil, muitas vezes, é muito focado só na indústria, e aqui eles têm a possibilidade de ir trabalhar em um laboratório, ou até mesmo ir para uma indústria e fazer pesquisa dentro dessa indústria”, opina Júlia Correa.

Marcelo Pereira destaca ainda a importância do estágio internacional. “O aluno que realiza o duplo diploma tem a possibilidade de fazer um estágio no exterior, um estágio dentro de um escritório de pesquisa, dentro de uma indústria, o que certamente, quando o estudante retornar ao Brasil, vai abrir portas em função do conhecimento adquirido e pela forma diferente de produzir o que aprendeu.”

De Grenoble, onde está Júlia, para Metz, onde está Bárbara Pardinho desde o ano passado. Ela interrompeu o curso de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Unesp, em Guaratinguetá, no quarto semestre, para se tornar também engenheira civil pela Universidade de Lorraine (Universitè de Lorraine – Mathématiques, Informatique, Mécanique).

barbara-1.jpg“Minhas expectativas são poder aproveitar ao máximo essa experiência, aprimorar o idioma, estudar bastante e levar o conhecimento daqui para o Brasil. Eu, realmente, acredito que a educação pode mudar o mundo e, para mim, é uma honra fazer parte dessa mudança. Sou de uma família bastante humilde e foi uma grande surpresa para todos ser selecionada para o BRAFITEC. Sem a bolsa não teria condições de vir até aqui. É realização de um grande sonho”, afirma Bárbara Pardinho.

Júlia, colega de câmpus da Unesp de Bárbara, salienta que estudar fora é uma grande ocasião. “É uma boa oportunidade para desenvolver-se pessoalmente e profissionalmente. Aprender com os desafios que enfrentamos nessa vida nova e como isso pode colaborar para sermos um melhor profissional, para ajudar a trazer um grande crescimento para nosso país”.

Os alunos dos cursos Engenharia de Alimentos, Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária e Zootecnia só podem aplicar ao Programa BRAFAGRI – Brasil França Agricultura.  

“Considero que a Unesp está tornando-se uma instituição melhor com programas interinstitucionais e internacionais como o BRAFAGRI. É uma experiência que permite ao estudante estar preparado e melhor qualificado para o mercado globalizado, dá maior visibilidade ao estudante e à Universidade e, de modo geral, a pessoa aprende a respeitar as diferenças e torna-se um cidadão do mundo. Do ponto de vista institucional, o programa proporciona um incremento na condição de internacionalização da Unesp, por meio da vinda de estudantes e professores ou pesquisadores estrangeiros para a Unesp”, diz o coordenador do BRAFAGRI na Unesp, professor Roger Darros-Barbosa .

Via de mão dupla
Audrey Le Du e Juliette Cohu fizeram o caminho inverso. Vieram de Rennes, França, para o câmpus São José do Rio Preto conquistar o duplo diploma em Engenharia de Alimentos pelo Instituto Superior de Ciências Agrárias, Agronegócio, Horticultura e Paisagem (Institut Supérieur des Sciences Agronomiques, Agroalimentaires, Horticoles et Du Paysage –  Agrocampus Ouest) e pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp (Ibilce).

audrey-biblioteca-6.jpeg“Porque eu achei o Brasil vantajoso? Primeiro, porque é um país muito importante na produção alimentícia mundial e, também, porque as aulas no Brasil são bem complementares àquelas da França. São mais aulas práticas e turmas menores. O que me trouxe esse duplo diploma? Muita coisa. Primeiro, a capacidade de adaptação que vou conseguir valorizar muito bem no meu currículo e também o orgulho de ter validado as aulas iguais ao de um aluno local, em uma língua que não é a minha. Essa experiência me trouxe muita força para atacar desafios ainda maiores”, conta Le Du.

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“Já eu acabei encontrando alguns amigos um pouco mais próximos, e também encontrei o meu marido. O que adicionou um pouco mais de prazer às aulas. Eu gostei bastante, principalmente, dos dois últimos semestres. Eu tive, realmente, mais do que uma experiência de aulas, tive experiência de vida que nunca vou esquecer. Agora moro no Brasil, mas acredito que todo mundo que passa por esse intercâmbio percebe que temos essa experiência também para aprender a se conhecer e a conhecer outra cultura. Acho que isso nos faz crescer de um jeito especial que a gente não conseguiria ficando em nosso país”, diz Cohu.

Os estudantes interessados podem escolher entre 54 instituições francesas parceiras da Unesp para candidatar-se a qualquer um dos dois programas. Os requisitos principais são estar regularmente matriculado na graduação, ter concluído 20% dos créditos do curso, ter conseguido nota 600 no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) após 2009, apresentar o currículo Lattes comprovado, responder todos os questionamentos da reitora, ter desempenho acadêmico maior ou igual a 6,5 (seis e meio), estar apto no primeiro semestre do ano da candidatura e apresentar todos documentos exigidos.

Quem tiver interesse em estudar na França pode se inscrever para a seleção até 28 de fevereiro de 2019. Os editais podem ser consultados no Portal da Unesp na internet, no subsite da Assessoria de Relações Externas (Arex), no endereço eletrônico: https://www2.unesp.br/portal#!/arex/intercambio/graduacao/

Outras informações também podem ser obtidas pelo telefone (011) 5627-0600.


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