Aumento do índice de envelhecimento chama atenção de especialistas

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  • Publicado em 12 de agosto de 2019 às 23:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:43
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Especialistas alertam para rapidez da inversão da pirâmide etária e para os desafios das cidades no futuro

Yussif Ali Mere Jr - Federação Hospitais Clínicas Laboratórios Estado SP

As
cidades estão preparadas para o aumento da população idosa? Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o “índice de envelhecimento” (a
proporção de idosos entre a população) deve saltar de 43,19%, em 2018, para
173,47% em 2060. Mas uma pesquisa da Federação dos Hospitais, Clínicas e
Laboratórios do Estado de São Paulo (FEHOESP) mostra que este cenário está mais
próximo do que se pensa. O estudo aponta aumento de 37% na demanda por serviços
de home care em 2018 (em relação a 2017), “um índice considerável”, analisa o
médico Yussif Ali Mere Jr, presidente da Federação.

Outro
estudo já coloca Ribeirão Preto em situação privilegiada. De acordo com o
Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade pelo Instituto de Longevidade
Mongeral Aegon/FGV, divulgado em 2017, Ribeirão é uma das dez cidades com
melhor qualidade de vida para a população idosa – figura em 6º lugar. O
relatório da pesquisa cita o clima sem ocorrência de chuvas extremas, a
quantidade de cinemas e iniciativas que colaboram para bom desempenho em
cultura e engajamento como requisitos que pesaram na avaliação.

Para
o médico Yussif Ali Mere Jr, a área da saúde tem incrementado produtos e
serviços para atender às necessidades desse público. Mas faz um alerta. “Saúde
pública e privada terão de se preparar para atender ao aumento de demandas
específicas do idoso e a sociedade demandará por programas de inclusão,
acessibilidade e cidades mais planejadas”.

Na
avaliação do engenheiro Giulio Prado, presidente da Associação de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP), há muito a ser feito. “É
preciso que governos – municipal, estadual e federal – atuem com políticas que
atendam ao aumento considerável de idosos na população brasileira, mas é
imprescindível que a sociedade civil pense sobre seu papel neste novo cenário
também”, comenta. Segundo ele, a atuação conjunta é fundamental se a sociedade
quiser cidades mais acolhedoras e que ofereçam dignidade de vida ao idoso.
“Obviamente, por consequência, outros públicos serão atendidos e beneficiados”,
completa.

O
impacto da inversão da pirâmide etária será grande. “O mercado de trabalho será
demandado um público que não se aposenta aos 60 e segue ativo. Por outro lado,
a sociedade não pode ignorar as doenças degenerativas próprias da idade, a
permanência por tempo maior em internações, sem contar a necessidade de opções
de lazer que garantam qualidade de vida e de tecnologia que atenda a este
público”, analisa Yussif.

Preparar
as cidades será um desafio grande. “A escassez de recursos para investir em
planejamento das cidades para incluírem os vários públicos que elas recebem é
um fato. Mas, há que se buscar alternativas, parcerias com universidades,
empresas e iniciativas populares de valor. A busca de alternativas para
qualidade de vida certamente impactará no desenvolvimento em vários aspectos
como negócios, cultura, educação, saúde e outros”, comenta Giulio. Para ele, a
organização da cidade para esse público deve ser definida no Plano Diretor.

Quantos milhões de idosos

A
Organização Mundial de Saúde considera idoso o indivíduo com 60 anos ou mais.
Em 1940, o Brasil 4,1% da população era idosa. Em 2010, eram 10,5%. A título de
comparação, segundo o IBGE, em 2012, a população com 60 anos era de 25,4
milhões. Em 2017, subiu para 30,2 milhões – esses 4,8 milhões de novos idosos
em cinco anos representam um crescimento de 18% de cidadãos nesse grupo etário.
No grupo dos idosos, as mulheres são maioria: 16,9 milhões (56% dos idosos),
sendo que os homens são 13,3 milhões (44% do grupo). Elas estão vivendo mais:
segundo o IBGE, chegam aos 79 anos em média, e os homens, até 72.