Apenas 0,74% dos sites brasileiros são acessíveis a pessoas com deficiência

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 24 de maio de 2020 às 22:34
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:45
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Levantamento mostra que a acessibilidade na web é um desafio para 45 milhões de cidadãos

​Após o sucesso do primeiro levantamento realizado em agosto de 2019, o Movimento Web para Todos e a plataforma de dados BigDataCorp divulgaram os resultados da segunda pesquisa sobre acessibilidade de sites brasileiros. 

Cerca 14,65 milhões de endereços ativos foram avaliados no mês de abril, correspondendo a 68% dos sites do país.

Os resultados da pesquisa deixam claro que a maior parte da web brasileira é inacessível aos 45 milhões de cidadãos que possuem alguma deficiência. 

Os dados assustam: menos de 1% dos sites tiveram sucesso em todos os testes de acessibilidade aplicados. Entre agosto de 2019 e abril de 2020, a variação foi mínima, de 0,61% para 0,74%.

“Ainda temos 99,26% dos sites com pelo menos um problema a ser solucionado em termos de acessibilidade”, apontou Thoran Rodrigues, CEO e fundador da BigDataCorp, em conferência à imprensa. 

Ainda assim, segundo o executivo, esses dados indicam que, na web, reduzir barreiras para pessoas com deficiência é uma tendência.

Resultados

Sites governamentais apresentaram algumas melhorias desde o último levantamento sobre acessibilidade. Em 2019, apenas 0,34% deles estavam completamente adaptados. Hoje, são 3,29%.

Entre sites de notícia e jornais online, 3,03% passaram em todos os testes. Páginas corporativas alcançaram 2,81% de sucesso; enquanto o e-commerce chegou a 1,30% e os blogs, apenas 1,24%.

O grupo que apresenta o melhor desempenho em relação à acessibilidade é o de sites educacionais: 3,88% deles não apresentaram barreiras de acesso ao público com deficiências.

Outros tipos de sites, não classificados, puxam o percentual total (0,74%) para baixo.

O levantamento também constatou que os sites brasileiros com problemas nos links subiram de 83,56% para 93,65%. 

Além disso, o número de páginas que não passaram pelos testes aplicados pelo verificador de HTML, padrão a ser seguido na web, aumentou de 95,18% para 97,22%.

“A transformação seria muito mais rápida se a legislação especificasse quais critérios de acessibilidade um site deve atender”, afirma Vagner Diniz, gerente geral do W3C Brasil e do Ceweb.br/NIC.br, centro de estudos que organiza o evento Todos@Web

“Por enquanto, a legislação nacional não passa de uma declaração de boa vontade do legislador, mas sem nenhuma aplicação prática”, critica.


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