All we need is love

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 3 de abril de 2019 às 19:37
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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Em plena terça feira, no meio da tarde e um sol digno de verão, você entra num shopping na maior metrópole do país e para todo canto que você olha você é recepcionado com um sorriso. Como se fosse Natal e as pessoas estivessem mais amistosas, só que na verdade elas estão ali uniformizadas caminhando em direção a um mesmo objetivo, assim como você: realizar um sonho pela primeira vez, ou repeti-lo por mais uma vez.

Foi isso exatamente isso que me aconteceu na terça feira da semana passada, logo que entrei pelas espertas portas automáticas do shopping Bourbon em São Paulo, presenciei a magia que já tinha ouvido falar por várias vezes na minha vida, mas nunca tinha visto com meus próprios olhos: um Beatle prestes a entrar no palco. Eu sei que a arte tende a unir todo o tipo de público, e eu amo estar em contato com ela em suas mais diversas formas. Principalmente em shows, que já tive o prazer de ir a seus mais diversos tamanhos, porém esse foi único! Quando separei minha linda camiseta branca com seu escrito ‘The Beatles’, jamais imaginei que outras 40 mil pessoas estariam ali igualmente esperando esse dia para usar as suas também! E como era bonito, usávamos o shopping como de passagem para ir em direção ao estádio, e todos rindo, ensaiando suas músicas favoritas, contando histórias dos outros shows da banda ou de seus Beatles favoritos. Gente de toda idade, velhinhos que mais conseguiam ficar em pé na fila à crianças que mal sabiam pronunciar a letra das músicas direito. Uma energia que a gente acha que só vai presenciar em sonhos ou filmes, cheia de respeito e companheirismo.

Na fila, em um ótimo papo, ouvia o marido contar do amor dele e da esposa pelo Paul e dos tantos shows que já haviam presenciado dele, e que apesar de amar música ele tinha mesmo era o prazer de acompanhá-la e se divertir entre amigos, porque a verdadeira paixão dele eram carros antigos, e ela o acompanhava em suas aventuras e encontros de maníacos por carros. E como essas duas paixões de ambos os uniam. Do lado de trás, outro casal mais novo discutindo se prefeririam o show do Paul ou do Guns N’ Roses, eu só fiquei prestando atenção nela dizendo que o Paul era um músico 100% romântico e que na opinião dela Axl ganharia disparado nessa comparação. Fiquei imaginando qual foi a reação dela depois que o show acabou e presenciou uma lenda de quase 77 anos interpretando suas mais belas músicas e de seus companheiros de Rock n’ Roll na maior parte das 3h de apresentação. Eu sei, sou uma Beatlemaníaca, mas algumas coisas são únicas e incomparáveis.

Já sentados em seus devidos lugares, esperando horas para finalmente ouvir os primeiros acordes, a gente olha para o lado, escuta mais histórias, se apresenta para os vizinhos de assento, e percebe que está lindo dividindo uma pipoca com alguém que conheceu há apenas 60 minutos atrás. Começa o show, as pessoas resolvem se postar em sua frente, em lugares ‘proibidos’ afinal se houvesse necessidade de evacuação do local, isso seria um problema, e os mesmos vizinhos de cadeira que acabam de te conhecer estão protegendo seu anglo de visão e despachando os ‘folgados’ para bem longe dali com tapinhas nas costas e um breve: ‘com licença, ta atrapalhando a gente aqui’.

O show continua e sorrisos são trocados, pulos são dados e os olhares se cruzam em pleno frisson do momento. De repente as luzes se acendem, o show termina, alguns se despedem, outros se sentam e esperam tentar entender o que aconteceu ali. Que foi exatamente o que aconteceu comigo, sentei e fiquei repassando cada minuto do dia, cada momento, cada pessoa, cada música, cada sensação, cada cheiro, cada sabor… A arte faz isso com a gente, realizar sonhos faz isso com a gente, exalta a empatia e a alegria e principalmente, o AMOR! Eu pude repassar por diversas vezes tudo o que eu vi e só enxerguei amor, amor nas pessoas, nas histórias, no artista que está em cima de um palco em turnê internacional enquanto pessoas da mesma idade dele já não pensam em sair de casa para trabalhar mais, na gentileza, em cada comida e bebida servida, nas pessoas super cordiais trabalhando para uma estrutura daquele tamanho funcionar perfeitamente para 48 mil pessoas… tudo isso, se resumindo em uma palavra: AMOR! Sim, All we need is Love! E um pouquinho de perfume rs

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.


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