Dinheiro para Empresa São José é tiro no pé que ameaça eleição de Gilson

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de maio de 2020 às 11:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:45
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Como explicar para as bancas de pesponto ou pequenas empresas que para eles não existe nenhuma ajuda?

A administração de Gilson de Souza dá voltas, muda as justificativas, mas insiste em destinar recursos financeiros públicos para a Empresa São José, desta feita sob a alegação de crise econômica provocada pelo coronavírus, queda no movimento de passageiros, etc.

Ao insistir nesse tema, Gilson de Souza dá um tiro no pé. Como explicar para o grande ou o microempresário francano que não teve qualquer ajuda do poder público para continuar suas atividades?

Como explicar para o trabalhador que perdeu seu emprego que a Prefeitura não se prontificou a ajudar a empresa em que ele trabalhava, mas tem mais de milhão para ajudar a empresa São José.

O prefeito pode justificar dizendo que o transporte público é dever do poder público e uma concessão a uma empresa particular. Mas é bom lembrar que quem participou da licitação do transporte coletivo leu todas as cláusulas do contrato.

E nessas cláusulas não consta que a Prefeitura deveria carregar a empresa nas costas se algum problema acontecesse. Também no contrato não havia regras para ensinar a empresa a administrar seu trabalho.

Nenhuma pessoa da comunidade ouviu qualquer proposta da Prefeitura ou da empresa durante o período de movimento alto, de ganhos ou de lucros.

Ninguém ouviu a empresa emitir qualquer comunicado para dizer: “estamos com bom movimento, tendo lucro e por isso vamos baratear a passagem”.

Mas foi só o movimento diminuir para a Empresa pede socorro ao poder público e quer uma injeção de recursos financeiros que, afinal, vem do povo, usuário ou não do transporte coletivo.

O empresário calçadista não espera nada do poder público, espera do mercado. Quando as vendas caem, como agora, ele não tem a quem apelar por ajuda.

E na ponta vulnerável do processo, quando o trabalhador é demitido, só lhe resta a fila do seguro desemprego – isso se ele for registrado. Se seu trabalho não for formal, só lhe sobra a opção de ir para a fila da cesta básica.

Parece que o país mudou seu sistema econômico: é capitalista na hora de somar o lucro, mas socialista na hora de dividir o prejuízo. Dividir com quem? Com o povo. É preciso ter em mente que o risco é da essência do negócio capitalista.

O depoimento do presidente da Emdef na Câmara Municipal é o chamado balão de ensaio para preparar a comunidade para o que vem por aí. “Sem ajuda, a empresa ameaça ir embora de Franca”.

Se tivesse gente do lado de fora da Câmara Municipal e se as pessoas soubessem que haveria essa fala, Franca iria assistir a um grande foguetório. Só quem utiliza o transporte coletivo sabe o que passa.

Gilson de Souza é candidato a reeleição. Engana-se quem acha que ele não está no páreo. Está sim, por causa da sua popularidade, principalmente na periferia.

Mas é justamente essa periferia que utiliza o transporte coletivo e é justamente essa periferia que tem as maiores reclamações.

Vai ser difícil, muito difícil para Gilson de Souza explicar para seu eleitor como é que ele tira dinheiro da cesta básica, da educação e da saúde para passar para uma empresa capitalista.

Quem analisa política sabe que uma eleição é decidida nos detalhes: os positivos e os negativos. Cabe a quem vai disputá-la entender o processo, saber ler nas entrelinhas, perceber os recados nem sempre falados, mas apenas insinuados. 


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